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Beijinho, beijinho; tchau, tchau

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Embora não pareça, até pela rusticidade que caracteriza o legítimo pantaneiro, o ex-governador e agora vereador Zeca do PT é um sujeito de fino trato. Daí, os recados nem sempre subliminares, aos quais me referi num post anterior, ao senador Delcídio do Amaral, com quem pretende medir forças na eleição do Diretório Regional em novembro próximo. Recados como este, mandado ontem pelo Midiamax: “… queremos discutir e recuperar a bandeira histórica no PT, debatendo a valorização da militância, refrescando a memória da população, fazendo a formação política e recuperando o espaço no imaginário da juventude”.

Como, além de fino, Zeca é também um camarada inteligente, tanto que de bancário piqueteiro e ponta-de-lança nas invasões de terras virou deputado e, rapidinho, governador, ele não diz, agora, que Delcídio não é o seu candidato, mas, seguindo o método de trabalho de Jack, o estripador, vai por partes. Primeiro, quer ganhar o diretório para, só depois, começar o processo de defenestração do senador, visto por muitos militantes como intruso, oportunista e traidor.

Quando fala em bandeira histórica e valorização da militância Zeca do PT se apega, entre outras coisas, ao companheirismo de Lula da Silva, por ele bancado quando governador como candidato à presidência da República, momento em que Delcídio do Amaral, recém-preterido como candidato tucano ao governo do Mato Grosso do Sul resolveu aderir, mesmo assim sem muita convicção. Tanto que, levado para o partido pelo próprio Zeca e por ele eleito senador, na primeira oportunidade, como presidente da famosa CPI dos Correios, que desbaratou a quadrilha do mensalão, Delcídio não abriu mão dos princípios da isonomia de devem nortear a coisa pública, ganhando notoriedade nacional, mas se queimando definitivamente com a companheirada.

Delcídio do Amaral pode até continuar jogando para a platéia para se dar bem eleitoralmente, como fez ao boicotar a visita do ex-ministro e deputado cassado José Dirceu a Campo Grande, na semana passada, para as comemorações dos dez anos de poder do PT. Mas a aposta de Zeca, que estava lá, com a militância, é que o senador pode ter problemas políticos internos, já que, condenação e cadeia à parte, Zé Dirceu continua sendo o maior ideólogo e certamente o homem mais forte do partido no Brasil.

Como – e se – Zeca vai conseguir defenestrar Delcídio do Amaral do partido são outros quinhentos. Na edição de hoje do Correio do Estado os deputados da bancada petista reagiram às suas declarações. O deputado Amarildo Cruz, como que acometido por uma amnésia crônica, dizendo não entender as motivações de Zeca, mesmo diante de sua insistência em lembrar a falta de apoio do senador na eleição de 2010. O douradense e líder da bancada, Laerte Tetila, defendendo o alinhamento da nova direção partidária com a candidatura Delcídio, mas dando-se o desconto pelo fato de sua esposa Zonir ser a segunda suplente do corumbaense, ainda mais agora que se quebrou esse tabu de segundo suplente nunca virar senador em Mato Grosso do Sul.

Se todos os estaduais petistas reagiram às alfinetadas, é sinal de que a palavra de um simples vereador não é tão forte assim só pelo fato de ter sido governador do Estado. Alguma carta na manga este pantaneiro deve ter para refrescar a memória da população e, principalmente, recuperar o espaço no imaginário da juventude. Será que vêm caras-pintadas anti-uragânicos por aí?

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