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O “pibinho” de Dilma Roussef

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02/03/2013 – 08h23

Economia do país completa dez trimestres com crescimento abaixo de 1%

Dentre as 20 principais economias do mundo, resultado brasileiro só não é pior que o dos que vivem crise europeia

Empresários reduziram seus investimentos ao patamar de 2009, no auge do impacto da crise externa, e o Brasil teve o pior desempenho entre as grandes economias fora da Europa.

Os resultados do Produto Interno Bruto do ano passado, divulgados ontem, mostram que a esperada retomada da produção nacional segue em ritmo abaixo das expectativas e desencorajam estimativas mais otimistas para o futuro próximo.

Apesar dos sucessivos pacotes de estímulo ao crédito e alívio tributário, a expansão do PIB foi de apenas 0,9%, e o país completou dez trimestres consecutivos de alta inferior a 1% -que seria o mínimo para os 4% anuais almejados pelo governo.

A renda per capita ficou praticamente estagnada, com variação de 0,1% e valor de R$ 22,4 mil por habitante.

O período mais longo de crescimento baixo ou medíocre desde o Plano Real está diretamente relacionado ao retrocesso dos investimentos, ou seja, dos gastos em obras e compras de equipamentos destinados a ampliar a capacidade produtiva.

Apesar de uma modesta recuperação no final do ano, empresas e governos investiram o equivalente a 18,1% do PIB, no segundo ano de queda do percentual, que já era um dos mais baixos entre os principais emergentes.

Também caiu a parcela da renda nacional poupada para financiar os investimentos, que não passou de 14,8%, a menor em uma década.

Líderes mundiais de crescimento, China e Índia investem mais de, respectivamente, 35% e 45% do PIB. A administração de Dilma Rousseff fixou como meta uma taxa de 25% para sustentar um crescimento duradouro.

As causas da retração dos investimentos são motivo de controvérsia. O governo culpa as incertezas do cenário internacional; analistas de linha liberal culpam o intervencionismo do governo.

Ainda que a crise de endividamento na zona do euro tenha causado desaceleração generalizada, os números brasileiros estão entre os piores do G20, o grupo das principais economias mundiais.

O país é superado por todos os emergentes da lista, incluindo China, Índia e Rússia, os latino-americanos México e Argentina e os asiáticos Indonésia e Coreia do Sul.

Os desenvolvidos EUA, Japão e Austrália também se saíram melhor no ano, embora venham apresentado resultados mais fracos se considerado um período mais longo.

DESEMPREGO BAIXO

A vantagem brasileira é que a freada do PIB não levou à alta do desemprego, hoje em níveis historicamente baixos. Com isso, o consumo das famílias permanece em expansão, mesmo sem o fôlego de anos anteriores.

O aumento foi de 3,1% em 2012, o suficiente para evitar um encolhimento da economia, mas a taxa, em elevação contínua desde 2004, foi a mais baixa do período.

Graças às compras das famílias, o setor de serviços, que reúne atividades tão diferentes quanto escolas, empregadas domésticas, comércio e bancos, escapou da contração sofrida pela indústria e pela agropecuária.

Alvo preferencial das medidas oficiais, a indústria reduziu sua participação no PIB, de 30%, em 2004, para 26%. Os serviços ocuparam o espaço -e os empregos- e hoje respondem por quase 69% do produto. Mais resistente a solavancos, o setor é menos produtivo e propenso a inovações, o que ajuda a explicar a atual pasmaceira.GUSTAVO PATU – ENVIADO ESPECIAL DO UOL AO RIO, COM PEDRO SOARES,
DO RIO

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