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Bem-vindos ao estado do Xaraés

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05/03/2013 – 08h15

“O que foi Mato Grosso em eras remotíssimas? (…) Um mar. Um fundo de mar. Isso há milhares de séculos, no período Siluriano. Mato Grosso constitui uma parte do fundo do mar de Xaraés (…). Lagoas, lagoas e pântanos de água salgada (…) representam a ossada dispersa do velho mar de Xaraés. Nesse mar mediterrâneo, encurralado pelo levantamento dos Andes e pelas barreiras montanhosas, norte-sulinas, do Brasil atual, formou-se um tremendo depósito de petróleo”. Monteiro Lobato

Como que Zeca do PT, obcecado por transformar o Mato Grosso do Sul em Estado do Pantanal, e Lula da Silva, que descobre petróleo até nas profundezas das camadas de pré-sal, deixaram passar batido? Em que pese o equívoco de Monteiro Lobato quanto à existência de petróleo no Pantanal, conforme a Wikipédia por conta de uma pisada na bola do geólogo estadunidense Orville Adalbert Derby, a coisa poderia ter dado samba, não apenas na Marquês do Sapucaí, onde Zeca torrou alguns milhões do sagrado dinheirinho do contribuinte para o Salgueiro defender a ideia, mas para acabar de vez com a confusão decorrente do comodismo da simples utilização de um ponto cardeal para identificar o Estado que nasceu para ser modelo, mas que continuou apêndice do homônimo do qual lutaram cem anos para se livrar. Parece até praga de cuiabano, como já cansei de escrever.

A menos que a ideia tenha sido abortada depois da lebre por mim mesmo levantada, em maio de 1999, no artigo O Estado do PT e a Seriema, apontando o culto à personalidade do governador que havia incorporado a sigla partidária ao nome de batismo. É que por todas as exclusões ali apontadas, pela coincidência com as iniciais de outros estados ou pelas que não soavam bem, como PAN, por exemplo, remetendo a nome de posto de saúde, tudo levava ao Estado do PT, não por coincidência, à época, governado por Zeca, do PT. É que ele não sacou, pois mesmo que tivesse oficializado o nome Xaraés, poderia continuar faturando com o cognome, ademais, já adotado, de Estado do Pantanal, ou do PT, sob a alegação de que Xaraés funcionaria mais como nome de tribo indígena, como a que existiu na região de Cáceres, mas lá no Mato Groooooooosso, e que esse negócio de Pantanal só vale mesmo é aqui pra baixo. Quanto a Lula, passou batido porque não leu Monteiro Lobato, além do mais porque petróleo, para ele, só o do pré-sal.

Ressuscitado pela nova direção da Seccional OAB/MS, preocupada com os dividendos do turismo regional, o tema caiu como uma luva para o deputado Antônio Carlos Arroyo, que há dois anos vem se debatendo para resolver esta parada por meio de um referendo. Equívoco por equívoco, nessa geografia maluca, antes que resolvam devolver Dourados ao Mato Grosso e, como lá também tem Pantanal, o que continuaria provocando confusão, que se faça jus ao grande mar de Xaraés, com a ilusão de todos os seus lençóis petrolíferos. Assim, depois de trinta e seis anos, a mudança pode reverter a luta de divisionistas como Vespasiano Martins e Paulo Coelho Machado a uma incógnita – XR ou XS? – mas pelo menos o Estado por eles sonhado e que nasceu para ser modelo deixaria de ser um apêndice de Mato Grosso para ter, enfim, sua identidade.

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