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Natal da Lava-Jato: Joesley e Wesley Batista ficarão sozinhos nas celas

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24/12/2017 – 16h00

Em Curitiba, ceia com peru e tender se tornou tradição

Desde que o mês de dezembro começou, os irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da J&F, controladora da JBS, têm se mostrado tão abatidos quanto na semana em que foram parar atrás das grades, em setembro, devido à suspensão de seu acordo de delação premiada. Ambos tentavam manter a convicção de que estariam em casa até o Natal, o que não aconteceu. Os empresários estão em celas separadas e só têm contato nas duas horas diárias de banho de sol. A rotina não terá alterações durante as festas de fim de ano e Joseley e Wesley passarão a noite do dia 24 separados e sozinhos. A única exceção para a data será a liberação de quitutes natalinos, como rabanada e panetone. As visitas dos familiares na sede da Polícia Federal em São Paulo, onde eles estão detidos, também não sofrerão alterações — eles têm direito a três horas semanais às quintas-feiras.

A realidade que os donos da JBS enfrentarão neste ano em nada lembra seu passado recente de grandes comemorações. As festas de fim de ano sempre foram muito celebradas pelos Batista, especialmente Joesley, que reunia toda a família em sua mansão no Jardim Europa, bairro nobre de São Paulo, para a noite de Natal. A mulher dele, a apresentadora Ticiana Villas Boas, era quem cuidava dos preparativos como decoração e iluminação feitas por profissionais, com direito a um pinheiro gigante na entrada da casa, buffet e música ao vivo. O filho mais novo de Joesley, Munir, que faz as vezes de DJ, intercalava-se no som com duplas sertanejas. No dia seguinte, toda a turma seguia de jatinho para o apartamento do casal, na capital baiana, ou para a mansão em Angra dos Reis (RJ), com direito a praia particular. Hoje o imóvel está a venda.

Quando era necessário, a família alugava uma casa vizinha para acomodar os convidados e lá festejavam por cerca de um mês. Os amigos que acompanhavam Joesley eram ecléticos, iam dos cantores Bruno e Marrone, que muitas vezes se hospedavam na residência com as esposas, até o operador do PMDB Lúcio Bolonha Funaro —que também foi preso, mas conseguiu progredir para o regime domiciliar fechado na terça-feira (19). Diferentemente dos donos da JBS, Funaro, que tem acordo de delação válido, passará as festas de fim de ano com a mulher, Raquel, e a filha, na sua fazenda no interior de São Paulo.

EM CURITIBA, CEIA COM PERU E TENDER

Já os detentos da Polícia Federal de Curitiba, como o empreiteiro Léo Pinheiro, sócio da OAS, o ex-ministro Antonio Palocci e o operador Adir Assad, vêm se preparando para a ceia que organizam na própria custódia da PF, na noite do dia 24. Diferentemente de São Paulo, a sede paranaense deixa as portas das celas abertas e permite que os presos da mesma ala transitem pelo local. Desde que a Lava-Jato começou, em 2014, o jantar com pratos típicos como peru, tender e chester levados pelos familiares se tornou tradição.

No ano passado, a mesa ganhou receitas pouco usuais para a época, como uma buchada de bode oferecida pela família do ex-deputado e ex-presidente do PP Pedro Corrêa. Neste ano, porém, o político está em casa depois de três natais preso, um na Papuda, em Brasília, e dois em Curitiba. Como não pode sair de casa, os três filhos e os netos irão para o apartamento de Corrêa, em Recife. O ex-deputado já avisou que o cardápio será light devido aos problemas de saúde que ele enfrenta, como diabetes e uma doença hepática. Desde que foi para casa ele perdeu oito quilos.

Em 2015, a carceragem contou até com decoração natalina feita pela doleira Nelma Kodama, que pendurou enfeites, como bolas, nas grades das celas para “melhorar o ambiente”, segundo ela.

— A certeza que tenho é que meu Natal será melhor do que há três anos, quando eu estava em um presídio e tive apenas um copo de suco de pozinho — disse.

Nelma ainda cumpre medidas cautelares e não pode sair de casa durante a noite e nos fins de semana, no entanto, entrou com um pedido para passar a noite do dia 24 com a mãe, que mora no interior de São Paulo. A doleira, porém, não tem esperanças de conseguir a permissão. Recentemente a justiça negou o pedido do lobista Fernando Soares, o Baiano, para viajar aos Estados Unidos no fim do ano. Ele queria passar as festas com os filhos, que mudaram de país com a ex-mulher. O pedido, porém, foi negado sob o argumento de que o seu acordo de delação não previa o benefício.

Outro preso que também passará as festas de fim de ano em casa, depois de dois anos detido no Complexo-Médico Penal (CMP), em Pinhais (PR) — onde ficam os presos da Lava-Jato que não fizeram delação — é o ex-ministro José Dirceu. Solto desde maio, enquanto os seus recursos não são esgotados no Tribunal Regional Federal da Quarta Região (TRF-4), ele permanecerá em Brasília, onde mora com a mulher, Simone, e a filha Maria Antônia, em um apartamento no bairro Sudoeste.

No CMP, onde estão presos como o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a comemoração do Natal aconteceu anteontem, durante a visita de familiares.

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