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Lula mandou marqueteiro pedir dinheiro à Odebrecht para eleição em El Salvador

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06/02/2018 – 05h41

Relato foi feito pelo marqueteiro João Santana ao juiz Sergio Moro

Em depoimento ao juiz Sergio Moro, o marqueteiro e delator João Santana afirmou, na tarde desta segunda-feira, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva intermediou pagamentos da Odebrecht em 2009 para a campanha vitoriosa do presidente Mauricio Funes em El Salvador, na América Central. As declarações foram feitas no âmbito do processo em que o petista é acusado de receber propina da Odebrecht por meio de reformas num sítio em Atibaia. Lula nega as acusações.

Santana disse que, numa reunião no Palácio do Planalto, o ex-presidente mandou que o marqueteiro procurasse Emílio Odebrecht para que a empreiteira fizesse os pagamentos, já que o dinheiro para a eleição de Funes havia acabado faltando menos de um mês e meio para o fim da disputa eleitoral.

O marqueteiro, que na época coordenava a campanha de Funes em El Salvador, contou que voltou ao Brasil para encontrar Lula e pedir que o petista resolvesse o problema de falta de recursos na eleição:

— Eu vim conversar com o presidente Lula. Eu disse: “presidente, a situação é como se a gente tivesse comprado um Boeing e não tivesse querosene. Falta um mês para acabar. E, se não entrar dinheiro para mídia, não tem chance” — contou o marqueteiro, que em seguida completou: — O presidente (Lula) disse: “você vai ligar para o Emilio Odebrecht, que ele resolve”.

Segundo o marqueteiro, o patriarca da empreiteira respondeu que trataria do repasse com o ex-ministro Antonio Palocci:

— O Emilio afirmou: “você diz ao nosso chefe que eu prefiro tratar isso com o italiano (Antonio Palocci)”. Eu voltei a El Salvador, e, dez dias depois, o problema estava resolvido — relatou Santana.

O marqueteiro contou que trabalhou na campanha de Funes a pedido de Lula e do ex-ministro Gilberto Carvalho. Segundo Santana, o PT se comprometeu a quitar seus serviços de marketing, que foram de cerca de R$ 3 milhões, por meio da Odebrecht.

A publicitária Mônica Moura, mulher de Santana também contou detalhes sobre a campanha de El Salvador. Mônica afirmou que partiu de Gilberto Carvalho, chefe de gabinete do então presidente Lula, o convite para que João Santana fizesse a campanha para eleição de Mauricio Funes em El Salvador. Segundo ela, há 20 anos que a direita ganhava as eleições naquele país, e o PT tinha interesse que a esquerda saísse vitoriosa.

— O PT tinha interesse não só em El Salvador, como em varios paises da América Latina, de que a esquerda ganhasse as eleições — disse Mônica — O Gilberto (Carvalho) disse que o presidente Lula tinha interesse que o João (Santana) fosse fazer a campanha.

A publicitária disse que, de alguma forma, o PT “financiou” e intermediu a campanha de Funes, já que ela negociou com Antonio Palocci que a Odebrecht pagaria parte do valor. Novato na política, Funes, que é casado com uma brasileira, venceu a eleição.

Segundo Mônica, a Odebrecht pagou R$ 1,5 milhão para a campanha em El Salvador, também por meio de caixa 2. A defesa de Lula nega todas as acusações dos delatores. O ex-presidente afirma que é vítima de perseguição política.

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