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Vereadora toma chá de semancol e desiste de relatoria da CPI da Covid

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07/04/2021 – 10h14

Preposta de Délia Razuk achava que, mesmo sendo uma das possíveis investigadas poderia conduzir a investigação

Depois de muito tempo, um telefonema que não era de nenhuma operadora de telefonia, muito menos de algum banco oferecendo dinheiro fácil. Era um colega jornalista, já na boca da noite, dizendo que eu merecia dar este furo, porque eu havia derrubado a vereadora Liandra da Saúde da relatoria da CPI da Saúde. Agradecido, informei que se foi o tempo em que saia por aí em desabalada carreira em busca de furos, que deixaria isso para os mais jovens se deleitarem e que hoje pensaria em como tratar o assunto.

Com direito a “nota oficial”, dessas que, por mais que se esprema, não sai nada, a vereadora anunciou com pompa e circunstância que estava tirando o time de campo. Para quem não deveria nem ter aceitado a incumbência, valeu pelos cinco minutos de fama. Pobre Liandra. Ela é só mais uma vítima do sistema e bem provável que nem deve ter caído, ainda, sua ficha. Enquanto não encontrar algum falecido ilustre para colocar o nome em alguma de nossas artérias deixadas em petição de miséria pela chefa Délia, resta-lhe agora rezar para que o feitiço não vire contra o feiticeiro, ou seja, que não passe de juíza, como relatora das investigações, à investigada, não tendo o mesmo destino de Renato Vidigal, de Denise Portolam ou de João Fava, todos do primeiro escalão de Délia Razuk, que foram parar na cadeia por cumprirem missão.

Antes desse telefonema, o imbróglio rendia muita discussão nas redes sociais. Uma delas, com alguém querendo saber o que o prefeito Alan Guedes tinha a ver com tudo isso. Só podia ser um desses leitores que se contentam apenas com o título, no máximo o primeiro parágrafo, até porque mais explicado do que estava lá impossível. Mas, como estou de bom humor, nenhum problema em repisar o assunto, até porque são R$ 52 milhões do Ministério da Saúde sobre os quais recaem fortes indícios de malversação. Sem contar a audiência nos níveis dos tempos uraganos que o assunto rendeu ao blog.

Pois bem. O prefeito Alan Guedes é, sim, o grande responsável por toda essa e encrenca. Por quê? Porque, se como presidente da Câmara tivesse seguido à risca o script do tão “respeitado” regimento interno da Casa já teria, lá atrás, mandado investigar mais esta farra com o dinheiro público. Simples assim.

Agora, na condição de prefeito a que chegou senão com o apoio, mas com a confessada torcida da antecessora, tentou fazer uma mea-culpa, orientando sua bancada (aliás, ele tem algum adversário?) para que se compusesse uma CPI de araque apenas para faturar politicamente, fazendo vistas grossas para não se correr o risco de encontrar nadica de nada que pudesse prejudicar Délia Razuk. Sim, porque ele sabe que mais cedo ou mais tarde pode precisar dos votos não só de Liandra Brambila, mas de outros vereadores que costumam ler na cartilha do chefão Roberto Razuk.

Com isso, o prefeito aproveita para atender, ipsis litteris, a recomendação do vereador e guarda municipal Olavo Sul, para quem, talvez por desconhecer a imprescindibilidade da independência entre os poderes, o que é imprescindível, isto sim, é uma “parceria” entre a Câmara e a prefeitura para o bom êxito dos pleitos dos nobres edis. E isso, todo mundo sabe, resume-se numa escandalosa periodicidade no âmbito municipal popularmente tratada no diminutivo, até porque deriva daquela que, por coincidência, foi descoberta e escancarada em nível federal por Roberto Jefferson, deputado do PTB, o mesmo partido de Délia Razuk. Como disse ontem ao leitor que me questionou, precisa desenhar?

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