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Estrela da Força Aérea de Putin é abatida pela primeira vez na Ucrânia

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Sukhoi Su-34 dispara durante demonstração em 2021 em Riazan, na Rússia - Maxim Chemetov - 27.ago.22/Reuters

Uma estrela do arsenal aeroespacial russo sofreu sua primeira baixa neste fim de semana na Ucrânia: ao menos um avião de ataque e caça-bombardeiro tático Sukhoi Su-34 foi abatido ao norte de Kiev. Não é uma perda casual, e também indica que a guerra aérea sobre a Ucrânia está entrando em uma nova fase —e isso não deverá trazer boas notícias para quem está no solo nem para as forças de Vladimir Putin.

O avião protagonizou um vídeo amplamente circulado no sábado (5), que o mostrava caindo sobre uma área residencial de Tchernihiv, nordeste da capital, sob aplausos de moradores.

As fotos dos destroços permitiram identificar a aeronave com precisão. Trata-se do Su-34 número 24 Vermelho, entregue à Força Aérea em 2018, sendo baseado em Tcheliabinsk (Sibéria). Na sexta, houve o relato da derrubada de outro modelo do tipo em Volkhonava, mas ainda não foram apresentadas provas.

Estrela da Força Aérea de Putin é abatida pela primeira vez na Ucrânia
Marcação do estabilizador vertical na cauda do Su-34 identifica o avião abatido em Tchernihiv – 5.mar.22/Serviço Estatal de Emergência da Ucrânia via Reuters

De acordo com a imprensa ucraniana, o avião foi derrubado por um míssil disparado pelo lançador portátil russo de origem soviética Igla-S, que é usado no Brasil, o que significa que a aeronave estava voando a menos de 5 km de altitude. O episódio também mostra uma implicação militar clara.

O Su-34 é um potente bimotor de longo alcance, equipado para ataques de precisão a alta altitude. Se ele voava baixo e, pelas imagens disponíveis carregava bombas de queda livre FAB-500, supunha ser possível fazer um ataque próximo ao solo sem oposição.

Desde o começo da guerra, em 24 de fevereiro, a Rússia vem degradando as defesas aéreas ucranianas. Mas lançadores portáteis e antigos sistemas móveis soviéticos são quase impossíveis de erradicar.

Aí entram duas considerações. Primeiro, que os russos podem ter abusado da soberba na ação. Mais importante, contudo, é que eles estão dispostos a expor as joias de sua coroa nessa nova fase. Até aqui, o grosso dos ataques aéreos de Putin foi conduzido com mísseis de cruzeiro Kalibr, balísticos Iskander, e antirradar Kripton.

Ao empregar a aviação tática, os riscos de perdas sobem no ar, mas principalmente na terra. Sendo alvos de bombas “burras” como a FAB-500, civis ucranianos vão enfrentar áreas maiores de destruição, o que condiz com a ideia de que Putin quer agora pressionar Kiev a se render por meio de uma campanha mais intensa e com cercos a grandes cidades.

O próprio Ministério da Defesa da Rússia fez questão de marcar a inflexão com um vídeo, publicado no YouTube neste domingo (6), mostrando um Su-34 e um caça-bombardeiro Su-25 levantando voo com bombas para atacar a Ucrânia.

Há um preço de prestígio a pagar. Além do Su-34, há relatos não confirmados que só no sábado outras sete aeronaves foram abatidas, incluindo caças multimissão Su-30SM e helicópteros de ataque Mi-24/35M.

Um dos últimos protagonizou outro vídeo que viralizou no fim de semana, sendo derrubado próximo ao solo. Ali, a curiosidade adicional é sobre qual lançador de míssil portátil foi usado, se o Stinger americano, cuja entrega foi anunciada por países europeus e pelos EUA, ou se um Starstreak britânico —a rapidez e o rastro de fumaça sugerem o segundo, que até agora não se sabia estar em mãos de Kiev.

Analistas militares ocidentais vinham mostrando surpresa pela falta de ação da Força Aérea russa no conflito e com o fato de que os ucranianos ainda operam, aparentemente, seus aviões e defesas de forma algo limitada. Agora será a hora de aferir se o fiasco da aviação russa na guerra de 2008 contra a Geórgia, que levou à reorganização e à modernização das Forças Armadas de Putin, deu certo na prática.

Mas a situação claramente está ficando pesada para os ucranianos, que tinham 37 MiG-29 e 34 Su-27 antes da guerra. O presidente Volodimir Zelenski fracassou em conseguir que a Otan estabelecesse uma zona de exclusão aérea, o que arriscaria a Terceira Guerra Mundial, e agora quer que Polônia e Eslováquia lhe cedam MiG-29 que operam.

O problema é trazer o avião por solo a seu território, já que voando poderia configurar uma intervenção militar contra os russos. Neste domingo, os EUA discutiram o assunto com os governos dos aliados da Otan.

No caso do Su-34, o piloto ejetou e sobreviveu, mas seu navegador ficou preso no cockpit e morreu. O aviador foi capturado, e a imagem dele começou a circular, causando espanto pela notoriedade da figura: trata-se de um certo major Krasnorutchev, que em 2016 posou ao lado de Putin e o ditador Bashar al-Assad na base russa de Hmeimin, na Síria. – Igor Gielow/Folha de S. Paulo.

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