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Quarta mulher a se tornar desembargadora garante que mulheres vão dominar a profissão

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08/03/2013 – 17h04

Há pouco tempo no cargo, Maria Isabel de Matos Rocha é a quarta mulher a fazer parte da mais alta corte do judiciário de Mato Grosso do Sul. A magistrada tomou posse no cargo de desembargadora em outubro do ano passado, depois de doze anos a frente da Vara da Infância e da Juventude de Campo Grande. Agora, ela promete não medir esforços para manter a justiça de Mato Grosso do Sul entre as melhores do país.

Maria Isabel passou de juíza a desembargadora após ser promovida para cargo por unanimidade. Ela assumiu a vaga deixada por outra mulher, a desembargadora Marilza Lúcia Fortes, que morreu no dia 20 de setembro. “Antes, ninguém conseguiria sequer imaginar que uma mulher ocupasse uma vaga em uma corte da justiça. Se hoje já é uma situação inusitada para mim, imagino na época da Maria Isabel”, observa.

A desembargadora acredita e defende que as mulheres ainda vão dominar a profissão. “Não é uma suposição, basta olhar em volta, analisar os números. Se você entrar na sala de aula de uma faculdade de Direito, perceberá que a maioria são mulheres. Hoje, a maior parte dos advogados são mulheres e, por consequência, o número de mulheres desembargadoras será muito maior do que as quatro que passaram até hoje no nosso Estado”. Os números confirmam a crença de Maria Isabel – hoje, as mulheres representam 57,7% da advocacia em Mato Grosso do Sul. São 6.165 advogadas dentre os 10.659 operadores do Direito, conforme a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MS).

O fato de ter se tornado “desembargadora, com ‘A’ no final”, brinca, é grandioso, mas Maria Isabel faz questão de frisar que alcançar o posto na carreira jurídica exige muito esforço e dedicação. “Não importa ser homem ou mulher. É um trabalho de uma vida inteira, uma trajetória progressiva em que precisa ser paciente para subir degrau por degrau”.

Com instinto maternal, a magistrada garante que é impossível não enxergar as crianças que atende como se fossem seus próprios filhos. “Claro que você vê uma criança indefesa, que foi abusada sexualmente ou era negligenciada pelos pais, e se vê como uma mãe leoa, que faria qualquer coisa para defender seu filho, e se pergunta como um pai tem coragem de fazer aquilo. Acho que a mulher, maternal por natureza, tem mais garra e empenho para defender com unhas e dentes o direito de uma criança”, afirma.

Maria Isabel confirma o que muita gente diz por aí – as mulheres trazem um toque de “sensibilidade” à certas questões que não podem ser analisadas com frieza. “A nossa profissão exige muito conhecimento técnico, mas não é só isso. É preciso ter um outro olhar, ter consciência social, enxergar cada caso individualmente”. A experiência com crianças e adolescentes trouxe o aspecto humano às decisões da magistrada. “Sim, nós temos que conhecer a lei, o Direito. Mas, mais do que isso, temos que conhecer as pessoas. Ser um pouco psicólogo, estar disposto a ter uma divã, ouvir. No dia que tomei posse, fui categórica ao dizer que os direitos mais pungentes são os das crianças. A infância passa rápido, uma criança não pode esperar”.

ZANA ZAIDAN/MIDIAMAX

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