21/06/2012 – 08:06
Fugindo de mais um desses dilúvios que estão fazendo embranquecer mais cedo os cabelos do prefeito Nelsinho Trad, debaixo da marquise de um hipermercado, ontem à tarde, em Campo Grande, aproveitei para colocar a prosa em dia com José Elias Moreira. Embora a nostalgia sempre tome a maior parte de nosso tempo, o ex-prefeito vai sempre ancorando a conversa nos mais recentes desdobramentos da política estadual. Assim, depois de falar do retorno “por baixo” do ex-governador Zeca do PT como candidato a vereador e de uma avaliação da administração de Murilo Zauith, inevitável que entrasse na sucessão municipal. Neste ponto, uma pausa para lamentar seus últimos percalços, garantindo que diante de tudo que está acontecendo em Dourados teria até coragem para o que seria uma última tentativa de voltar à prefeitura.
Embora com críticas pontuais ao governo Zauith, disse que ruim com ele, pior sem ele. A essa altura do campeonato, explica Zé Elias, o “sem ele” seria com Marçal Filho, apressando-se em explicar que sua reprovação não é preconceito pela condição de radialista do peemedebista, o que seria incoerente por ser também empresário do setor. E, aproveitando para “limpar a barra” de Jorge Antônio, o radialista cuja passagem pela prefeitura gera até hoje comentários desairosos (como a citação do muro do cemitério Santo Antônio de Pádua como sua única obra), argumentou que pelo menos Salomão era uma pessoa bondosa, com uma legião de amigos e jamais se furtava ao diálogo, o que não é o caso de sua cria, Marçal Filho. Acrescente-se, neste momento em que as qualidades morais e éticas dos candidatos vêm à tona, que o padrinho de batismo Jorge Antônio figura como o primeiro da relação dos traídos por Marçal Filho, seguido do próprio Zé Elias, por ele abandonado quando o governador Marcelo Miranda mandou um caminhão de dinheiro para eleger Braz Melo, em 1988.
Nesse ponto da conversa, também fugindo da chuva, chega o secretário-geral do PDT em Mato Grosso do Sul, Sérgio Castilho, com a informação recém-saída do forno de que seu partido acabava de sacramentar apoio à reeleição de Murilo Zauith. “Então, babau Marçal Filho”, suspirou aliviado o filho de seu Quinzito, do alto da experiência de quem quase virou governador por Dourados. E eu, que apenas espero a undécima hora do fechamento das convenções para me deleitar pela assertiva de tudo o que venho escrevendo há meses aqui neste espaço, não tive como não apelar para os laços de família com Marçal Filho, lembrando o bordão de seu tio e meu sogro, Manoel Torquato, para quem aí “é que surge o pobrema”.
O problema é que só agora começa a cair a ficha de Marçal Filho. Com a debandada do PDT, referência política não só por sua história como depositário dos verdadeiros ideais do trabalhismo getulista na terra da Colônia Federal, mas por ser o partido que venceu a eleição passada, com o fenômeno Valdecir, e sobrevivendo com dois vereadores, a situação, que já era complicada, fica mais periclitante ainda. Com sua natimorta candidatura indo pro ralo da chuva que não para por aqui também, resta-lhe rezar para que sua perfumada Keliana Fernandes tenha mais fibra, deixe de lado as bravatas e, saia, enfim, candidata, para desagravá-lo perante o PMDB, peitando nas urnas o marido de dona Cecília. É a hora da verdade dona Keliana.