07/01/2013 – 10h10
Refestelado de bermuda numa cadeira de fios nesses dias de férias fui surpreendido por um questionamento de minha sobrinha, filha de meu irmão preferido Vivaldo – Ézio Moreira – da Silva Melo quanto à ausência de pelos (tão bom quando tinha acento, né!) um palmo abaixo dos joelhos. Como Beatriz é um exemplo pronto e acabado dessa geração índigo que aí está para a regeneração do planeta e, na ausência de uma convincente explicação científica, saí pela tangente, lamentando não ter conhecido Murilo Zauith em tempo de copiar-lhe o hábito de usar sapatos sem meias para proteger os pelos da parte debaixo das pernas.
Aos nove anos de idade, tendo daqui saído quando meu irmão, pastor presbiteriano, pressentiu que a coisa poderia feder para o lado de alguns colegas de congregação, no estourou da operação Owari, Beatriz, primeiro, quis saber o que havia acontecido com o Valdecir, depois, já pensando no retorno (ops!) da família à terra natal do pai e do tio “Fido”, perguntando se o homem que não usava meias estava sendo um bom prefeito. Prometi que lhe responderia levando-a para um passeio noturno a bulevar do Presidente Vargas, o xodó de Zauith, depois à via Parque, lá pelas bandas da Cachoeirinha. Aí, não sei se tocado, ainda, pelo clima natalino ou pela rapa do tacho de Geraldo Resende, apresentado ao mundo no Facebook já a bordo de um possante Camaro Amarelo, aproveitando para fazer uma mea-culpa com os representantes douradenses no Congresso Nacional, informando ser deles o grande mérito pela transformação daquela que nos tempos de outro xodozinho – o córrego rego d’água, de Braz Melo – era uma das regiões mais pobres da cidade.
Como não só os escritos do blog ficam em banho-maria nesta época do ano, mas também a leitura, de um modo geral, até pelo aumento das desventuras do período (prato cheio para Waldemar Russo, agora copiado por Antônio Neres), aproveitei o embalo da conversa para tentar entender por que o ex-ministro Mailson da Nóbrega resolveu rebentar 2013 como o ano da volta ao passado, num artigo em Veja da semana passada. Para ele o governo Lula só foi o que foi, pelo lado bom, porque pegou carona nas reformas institucionais de Fernando Henrique Cardoso, daí sua a cética torcida de que as projeções do Ministro Guido Mantega, da Fazenda, cuja cabeça fora pedida por um gringo entendido em finanças, de um PIB em torno de 4% não devem se confirmar, devendo Brasil continuar convivendo com o PIB mixuruca (esse negócio de pibinho é eufemismo de quem se preocupa mais com as penas do mensalão para a companheirada) do governo Dilma Rousseff.
Como a liturgia do dia a dia do cargo e a necessidade de amassar barro na periferia da terra de seu Marcelino exigem o uso de meias para seus confortáveis mocassins, pelo que isso pode representar à indústria calçadista, esta é, momentaneamente, a contribuição de Murilo Zauith, como pessoa física, para alavancar o Produto Interno Bruto, enquanto, como prefeito, não consegue os tais empreendedores para compor um secretariado como o qual possa, enfim, quebrar paradigmas.
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