12/08/2014 – 19h08
Dá para imaginar o tamanho do pulo no sofá do prefeito Murilo Zauith após a exibição da matéria da máfia dos precatórios, nesta segunda-feira, no Jornal Nacional, desta vez no Maranhão. Pulo para alcançar o telefone e ligar para seu secretário de Fazenda, Waltinho Carneiro, para saber as quantas andam as tratativas com o sósia de Willian Bonner (o promotor Amílcar Carneiro) para tentar impedir o pagamento de um precatório que ameaça quebrar sua prefeitura. Para quem tenta salvar Dourados dos escombros do furacão (uragano), após várias tentativas de pegar no sono, pior que a ameaça de erupção de um vulcão cuspindo lavas de milionários retornos só o sobressalto ao acordar gritando “ajuda eu, ajuda eu” depois de um pesadelo onde o fantasma de Valdecir Artuzi ressurgia das profundezas do abismo.
O negócio é de assustar mesmo. Apenas como parâmetro, o precatório que o doleiro Alberto Youssef, abastecedor da companheirada petista, estava negociando com o governo maranhense, e que mereceu todo esse destaque no principal informativo da Globo, era da ordem de R$ 120 milhões. R$ 6 milhões de suborno à família Sarney, com uma comissãozinha de R$ 12 milhões para Youssef. O que tira o sono de Zauith chegou à estratosférica soma de R$ 495 milhões, baixou para cerca de R$ 250 milhões e hoje os advogados que estão por trás desta brincadeira de mau gosto já aceitariam receber, na bacia das almas, que seja 10% dos cerca de R$ 52 milhões de honorários. Muito dinheiro para os padrões douradenses.
O que chama a atenção no que ficou conhecido como o caso Cobracon, de Dourados, é o mistério que envolve esses milhões. As forças ocultas que estão por trás da bandalheira. Ameaças. De políticos. Com mandatos. Gente de Brasília, inclusive. Gente que, como se não conhecesse os limites orçamentários de uma prefeitura que mal consegue honrar a folha de pagamentos, pressiona para tirar vantagem de uma dívida contraída junto ao (depois falido) banco Pontual que, entre outras coisas, desconfia-se nem mesmo chegou a existir. Dinheiro de um malfadado empréstimo (com cláusulas de reajustamento pra lá de esdrúxulas) de cerca de R$ 2 milhões, da administração Humberto Teixeira que, se entrou nos cofres da prefeitura não teria cumprido a finalidade, que era quitação de folhas de pagamentos da administração Braz Melo. Tudo periciado, bonitinho, o que motivou até uma ação popular que, pasme, depois de quatro anos não mereceu ainda a devida atenção do STJ.
Uma história que começou muito mal e que pode acabar pior. Não bastasse o fato intrigante de a Cobracon, a detentora do milionário precatório, ter entre seus proprietários o secretário de Fazenda do município à época em que o empréstimo foi contraído, o falecido empresário Luiz Zarpelon, o inusitado de que sua viúva e herdeira da dívida, Angelina Elias Zarpelon, abriu mão de 60% dos 75% que lhe cabiam, devolvendo o equivalente a aproximadamente três prêmios de uma megasena de fim de ano à prefeitura. Mesmo assim, até pela exacerbada boa vontade demonstrada por alguns dos sucessores de Humberto Teixeira, continua a batalha judicial, agora, fomentada de forma incisiva sabe Deus (ou o capeta) por quem, para que o precatório entre na ordem cronológica do Tribunal de Justiça, para autorização de pagamento. Tanto que, obrigando Murilo Zauith a reforçar suas doses de ansiolíticos, já entrando na programação orçamentária da prefeitura para 2015. É, pode ser mesmo, praga do Valdecir.
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