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quarta-feira, abril 17, 2024

O preconceito com o novo e o desprezo pelos calejados da política

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“Rapaz, se alguém votar em alguns (dos nomes) que você citou estamos ferrados”. A desilusão, de um pessimismo oceânico, foi estampada num comentário no Facebook, pelo leitor Claudinei Neves, pastor protestante, o que pode explicar alguma coisa; e na administração Délia Razuk funcionário em cargo de confiança da secretaria municipal de educação, o que explica muito mais ainda, talvez pelo fato de ter sido preterido por Alan Guedes. Pela posição que ocupava e pela forma como atuava nos bastidores, tinha direito até de sonhar com a chefia da pasta. Respondi a ele que é o temos para o momento (2022) e que aceitaria outros nomes, como sugestão de pauta. Continuo aguardando. E não apenas dele!

O comentário em tom amargurado dá a dimensão do descrédito em que vive a política brasileira. Claro, Claudinei Neves é bolsonarista de carteirinha, um purista, portanto. Mas nem isso lhe dá o direito de achincalhar, assim, no atacado. Até porque como pastor, deve conhecer a parábola da separação do joio e do trigo. Não se pode colocar, por exemplo, um parlamentar com o currículo e a seriedade de um José Carlos Barbosa – o Barbosinha, no mesmo balaio de algumas das raposas que com ele dividem o mesmo palanque e até o mesmo plenário, figurinhas carimbadas, encrencadas com a Justiça; algumas até com curso de canarinho no currículo. Assim como Barbosinha, além de deputado dos mais atuantes, testado em dois mandatos como prefeito de Angélica, Renato Câmara, duas vezes prefeito de Ivinhema, mas como ele mesmo diz, já “casado” com Dourados há tempos e, audaciosamente, para o gáudio dos douradenses, dizendo que um dia chega lá, ou seja, no governo do Estado.   

Maior ainda o equívoco do leitor bolsonarista e de todos que comungam de seu pensamento, misturar alhos com bugalhos, ou seja, não poupando os que resolveram se aventurar na política partidária como missão de vida, deixando seus negócios ou confortáveis carreiras acadêmicas, como é o caso do professor e ex-ministro da Educação Henrique Sartori, em que pesem suas ligações com velhos e viciados caciques da política brasileira e o início nem um pouco alvissareiro de sua gestão como secretário municipal de governo. Outro exemplo, Walter Carneiro Jr., filho de ex-presidente da Assembleia Legislativa, de quem nunca se soube de envolvimento com negócios escusos. Até por isso, por ter crescido ouvindo os sempre inflamados discursos do pai na Câmara de Vereadores de Dourados, depois no Guaicurus, pela convivência como assessor de Murilo Zauith, de André Puccinelli, depois de Reinaldo Azambuja, não se pode dizer que Waltinho representa o novo, propriamente dito, na política, mas o simples fato de se dispor a ser testado pelas urnas, com a credencial de grande presidente da Sanesul já é motivo esperança aos tão desesperançados eleitores douradenses, como Claudinei Neves.

O preconceito com o novo e o desprezo pelos calejados da política
O “espaçoso” suplente de senador e dirigente da Embratur, Rodolfo Nogueira, mostrando-se íntimo na residência de Bolsonaro, no Rio de Janeiro

Assim como Waltinho, também já testado em outras assessorias políticas, mas como nenhum outro douradense chegando tão longe, o empresário do agronegócio Rodolfo Nogueira, homem de confiança de ninguém mais ninguém menos que de Jair Messias Bolsonaro. Fanfarronices presidenciais à parte, para quem já começa como suplente de senador, galga um posto de comando da Embratur, em Brasília, e voa pra lá e pra cá no famoso “aero lula” com Bolsonaro, gozando da privacidade da residência presidencial, não se pode dizer que vai “ferrar” Dourados, como disse o pastor-leitor. Pelo contrário, antes mesmo de se candidatar já está trabalhando por sua cidade em Brasília.

Outro exemplo de (não tão) novata na política, Lia Nogueira. Com a credencial de segunda mais votada, depois de uma rápida passagem como suplente pelo mesmo Jaguaribe, já chegando chutando o pau da barraca, por conta da tal “farra da publicidade” e outras denúncias contra a administração de Alan Guedes, que é de seu partido. Além de vereadora tem visibilidade estadual como repórter de uma rede de emissoras de rádio e TV com sede em Campo Grande, já começando a ameaçar alguns dos mais folgados, carreiristas que transformam a política numa profissão altamente lucrativa.  O que o acabrunhado leitor teria contra Gleice Jane, professora e ativa militante petista que fez bonito na última eleição, ficando na quinta colocação para um colegiado de dezenove, só perdendo por conta da coligação? Não daria uma bela deputada?

Entre os novos e os calejados, alguns como Valdenir Machado, tentando um retorno, a luta titânica pela sobrevivência de Geraldo Resende, ironicamente na esteira da mortandade da Covid-19, mas mostrando que ainda tem muito sangue pra dar à Dourados e ao MS, até como governador se preciso for. Marçal Filho, depois de dois mandatos inteiros e de dois meio-mandatos como deputado federal, e de um breve retorno, ops! ao Jaguaribe, agora parece que achando as poltronas do plenário da Assembleia mais confortáveis que as do plenário da Câmara Federal. Não é um “beózinho” aqui outro ali, todos adormecidos nos escaninhos do Judiciário, que vão fazer essa gente desistir, até porque a lista de serviços prestados é considerável. Bem-vindos, pois, novatos como Eudélio Mendonça e aqueles que não têm o privilégio de ter um filho prefeito ou um amigo do peito presidente da República, mas que levam jeito pra coisa. Vai que aparece um novo Zé Elias ou um novo Totó Câmara, os únicos que se revezam até hoje no lugar mais alto do pódio.

O preconceito com o novo e o desprezo pelos calejados da política
A titânica luta de Geraldo Resende em devesa da vida, durante a pandemia, pode garantir sua sobrevivência política
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