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sexta-feira, abril 19, 2024

O retorno de Zeca do PT, de carona com Lula

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Estivesse eu ainda morando no Portal de Dourados, antes do Cidade Alphaville e de outros similares o primeiro condomínio fechado da terra de seu Marcelino, certamente que não conseguiria entender a mensagem do urutau, o pássaro tido como de mau-agouro que vive misteriosamente camuflado em troncos de árvores desgalhadas. Sim, porque desde lá ele me persegue, só que agora com seu canto parecendo ainda mais tristonho, mas não se confundindo mais com a outrora inspiradora algazarra das ariscas saracuras, que não ousam abandonar seus ninhos à beira do Laranja Doce nem que seja para uma bisbilhotada nas rodas de fuxico das padarias, às quais sucumbiu até a poderosa ministra bolsonarista Tereza Cristina.

Uma mensagem importante, a do pássaro enigmático, num momento em que no bastidor da sucessão estadual as agulhas das bordadeiras bancadas pelo governador Reinaldo Azambuja, por seus antecessores Zeca do PT e André Puccinelli e pelos irmãos Trad são manuseadas freneticamente. Não, não pensem que Londres Machado e João Leite Schmidt, os dois mais respeitados gurus da política estadual, não estejam dando seus pitacos, mesmo que à distância. Muito menos o vice-governador Murilo Zauith, sobrevivente da Covid-19, mas, antes disso, já defenestrado pelo governador que ambicionava suceder e pelo qual agora é tido como carta fora do baralho, por isso mesmo mancomunadíssimo com Puccinelli e seus discípulos Luiz Henrique Mandetta e Tereza Cristina.

Em meio ao foguetório precedendo às festas natalinas e principalmente as de Ano Novo, a primeira impressão era de que o urutau estava ecoando o nome mais pronunciado ano passado em todos os canais de TV e rádio, além de aparecer sempre de ladinho do governador Reinaldo Azambuja em tudo quanto é evento governamental: “Riiiiieeeeddddellll…. Riiiiieeeedddellll”. Depois, reflexo da convulsão que as pesquisas eleitorais vêm causando Brasil afora, cheguei a desconfiar de uma possível advertência aos barulhentos, inconformados e sempre irascíveis bolsonaristas, jamais imaginando voltar a ouvir, e de forma tão insólita, o que parecia ser um abafado pedido de socorro: “Luuuuuula… Luuuuula”. Prestando bem atenção, lembrava até o bordão completo do jingle criado pelo saudoso Duda Mendonça para a campanha em que Lula virou presidente da República: “Luuuula-lá!” (brilha uma estrela [sic]) “Luuuuuula-lá”. Finalmente, neste fim de semana, no sepulcral silêncio da última madrugada desse período popularmente chamado de “saco cheio”, com ansiolítico e tudo sem conseguir vencer a insônia, caiu a ficha. Afinal, estamos no Mato Grosso do Sul. Tudo a ver, sim, com um pedido de socorro, mas de uma ave pantaneira: “Zeeeeeeecaaaa…doooo….Zeeeeeeecaaaa… doooo…”, nesse ponto som sumindo lentamente. Os de ouvidos mais aguçados vão concordar que essa “queda de áudio” aí do final, quando fica claro o “Zeeeeeeeeca…doooo…. PT”, pode ser tido, e ouvido, como um constrangimento, mais por tudo que aconteceu com Lula lá (na cadeia), do que pelo anúncio de um filme antigo, tanto em nível nacional como estadual.

Se Lula saísse da cadeia reencarnando Nelson Mandela, como parece iminente, aí não teria como seu amigo e companheiro de biritas não ir para o “sacrifício”

Arauto urutau; urutau arauto, tanto faz. Cacofonia à parte, à luz dos números das primeiras pesquisas, as publicadas e as vazadas nos bastidores para assustar uns aos outros, o interessante é tudo faz sentido, uma vez prevalecendo a empacada do governador Reinaldo Azambuja com seu preposto-candidato Eduardo Riedel. Ainda mais quando o sempre insubordinado Marquinhos Trad, reeleito prefeito de Campo Grande – importante lembrar, nesse contexto – com apoio de Azambuja, começa a se assanhar para entrar no jogo, o mesmo acontecendo com a deputada tucana de Culturama Rose Modesto.

Para quem acha que isso vai tirar o sono de Azambuja ou fazer aumentar a falha capilar de seu estrategista-mor Sérgio de Paula, não custa rememorar o segundo turno de 2018, quando o juiz Odilon de Oliveira deu sinais de que tinha fôlego para subir a rampa da governadoria. E quem foi que distribuiu tarefas e exigiu resultados pró-Azambuja da companheirada nas aldeias indígenas, entre os quilombolas e demais redutos petistas, senão titio Zeca, do PT? Engana-se quem pensa que ele fez tudo isso apenas para cobrar do governador dois ou três carguinhos para seguidores ao relento de João Grandão, mais três ou quatro para os do sempre bem aquinhoado sobrinho Vander Loubet ou em troca de uma ajudinha para a quitação das dívidas de campanha de Humberto Amaducci, o candidato petista ao governo derrotado naquele primeiro turno.

Nesse tipo de acordo sempre há alguma cláusula implícita. Como, por exemplo, um “SE” nunca antes na história tão determinante para os rumos da política nacional, ao qual Reinaldo Azambuja não teria como não se curvar. Se Lula saísse da cadeia reencarnando Nelson Mandela, como parece iminente, aí não teria como seu amigo e companheiro de biritas não ir para o “sacrifício”, fosse quem fosse a bola da vez no estado, tivesse ou não André Puccinelli também saído cadeia e podendo pegar carona nesse vitimismo lulista.

E Eduardo Riedel? Companheiro é para essas horas. Com o retorno do sempre pragmático Zeca do PT, tudo, mas tudo mesmo, ficaria muuuuuuuito mais fácil. A menos que se pudesse supor que André Puccinelli, como fera ferida, no pós-xilindró, fosse dar mole para alguém que como ele não sonhasse, ainda, com uma “nova e boa alvorada” ou que não comungasse com seus ideais “manda brasistas”;  como se não fosse ressuscitar os ex-deputados Edson Girotto e Carlos (Eduardo Cunha) Marun, além do empreiteiro cheio de charme João Amorim, entre outros, além, claro, de priorizar o reajuste do foco em sua queridinha Simone Tebet, até lá desempregada por conta de uma natimorta candidatura presidencial.

A menos que, por conta da senescência, talvez o blogueiro não tenha ouvido direito, e o urutau esteja profetizando “Marquiiiiiiinhos….Traaaad…”. É, pode ser!

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