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sábado, junho 28, 2025

“Terrivelmente evangélica”, Igreja Presbiteriana do Brasil não endossa candidatura Bolsonaro

Reunidos em Cuiabá, pastores presbiterianos optaram pela neutralidade da Igreja que é uma das mais tradicionais do Brasil

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O presidente Jair Bolsonaro deve estar surpreso, nesta sexta-feira, 29, com um revés – mais um! – num reduto que muitos contam como absolutamente seu: os fiéis da Igreja Presbiteriana do Brasil, a mesma do “terrivelmente evangélico” ministro do STF André Pereira e do ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, ambos pastores da denominação, respectivamente em Brasília e Santos.

Documentos de alguns sínodos da instituição, que tem a 40ª reunião ordinária de seu Supremo Concílio acontecendo em Cuiabá, Mato Grosso, depois de serem analisados por uma Comissão, resultaram em um posicionamento oficial em plenário, composto por mais de 1000 delegados, representando sínodos de todo o país, sobre alguns temas relacionados a política, o mais polêmico deles sobre vínculo de membros, incluindo pastores, com partidos de esquerda.

Da comissão participaram líderes da denominação ligados à direita e esquerda, entre eles, Osni Ferreira, relator das consultas encaminhadas, pastor jubilado da Igreja Presbiteriana de Londrina, que tem pregado abertamente que a instituição deve apoiar o presidente Jair Bolsonaro, e o pastor Antônio Carlos, conhecido por seus posicionamentos contrários.

Depois que um dos documentos foi vazado e publicado pelo jornal Estadão, com ampla repercussão no país – exatamente o que versa sobre a necessidade da Igreja tomar medidas contra seus membros simpatizantes da esquerda – e considerando que o Presidente do Supremo Concílio, concílio maior da Igreja, Reverendo Roberto Brasileiro, tem entre um de seus filhos um que fez parte da equipe do ex-ministro Milton Ribeiro, a expectativa era de que o concílio maior da IPB seguisse a tendência de muitas denominações evangélicas, de declarar, mesmo que indiretamente, apoio ao presidente, demonizando a esquerda.

Apesar da euforia que precedeu o concílio da IPB tomar conta de muitos de seus líderes, que não escondem simpatia por Jair Bolsonaro, a expectativa era de que as pretensões por detrás dos documentos não fossem consideradas, por conta de posicionamentos anteriores da denominação, principalmente a de se manter equidistante de radicalismos, acrescendo-se ao fato de que talvez seja uma das Igrejas evangélicas com mais coerência em relação a posicionamentos políticos, apesar de alguns titubeios como o apoio a ditadura militar de parte de sua liderança do passado.

Amparada no fundamento de que o objetivo maior da igreja Presbiteriana do Brasil é prestar culto a Deus, evangelizar e batizar os conversos, a resolução de Cuiabá reafirma o direito que cada membro tem de escolher seu partido político e/ou candidato, orienta seus líderes a se manterem neutros quanto a candidatos e destaca que escapa à sua competência, como Concílio espiritual, opinar sobre ideologias ou partidos políticos.

Como um recado indireto a André Pereira e Milton Ribeiro, também orienta pastores que venham a ocupar cargos públicos a que peçam licença a seu presbitério – concílio ao qual é subordinado – sem ônus eclesiástico. Pelo menos o ex-ministro da educação Milton Ribeiro não ouviu sua instituição, pois manteve-se pastor de uma Igreja em Santos, apesar da orientação ser uma regra conhecida dentro da denominação que tem 162 de presença no Brasil, sendo precursora do protestantismo.

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