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domingo, dezembro 28, 2025

Na terra de seu Marcelino prefeito de Maracaju esnoba supremacia política da terra do coronel Marcondes

Prefeito de Maracaju reacende a questão da hegemonia política estadual, em discurso na UEMS, em Dourados

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Bons tempos aqueles em que se discutia a briga política entre Dourados e Campo Grande, mesmos tempos em que, paralelamente, Fátima do Sul já comia pelas beiradas, emplacando um derrotado ex-candidato a prefeito da província (André Puccinelli) ao governo do estado (isto, depois de passar pela Assembleia Legislativa, pela secretaria de Saúde do governo do estado, pela Câmara Federal e duas vezes pela prefeitura de Campo Grande). Sem contar – e o resto é paralelismo histórico político do MS – ser também do ex-distrito douradense de Vila Brasil o detentor do mando político mais perene desses 46 anos de Mato Grosso do Sul – o deputado Londres Machado, acreditem, ainda hoje, o líder do moderníssimo governo Eduardo Riedel na Assembleia Legislativa.

Pois bem. Coube ao prefeito de Maracaju, José Marcos Calderan, sexta-feira passada, durante o encontro do PPA, na sede da UEMS, em Dourados, a iniciativa delimitar esse “novo” período político, o da disputa entre Dourados e Maracaju. Calderan, aliás, apenas se encarregou de “oficializar” a disputa, que já existe, e que Dourados vem perdendo de lavada, desde a consolidação da era Azambuja na terra do lendário coronel Marcondes, quando o então prefeito Reinaldo Azambuja subiu ao palco da política estadual, depois, também, de passar pela Assembleia Legislativa, Câmara Federal e um frustrada tentativa de virar prefeito de Campo Grande, chegando ao governo do estado e, de lambuja, elegendo seu sucessor, também de Maracaju, Eduardo Riedel. Interessante lembrar, para realçar o protagonismo de Maracaju, de Azambuja e de Riedel que, a exemplo de Pedro Pedrossian (o maior governador dos dois Mato Grossos), Eduardo Riedel também começa do zero. Ou seja, um “cabaço” na política partidária.

Discreto, talvez numa tentativa de alfinetar Dourados aproveitando-se da ausência do anfitrião Alan Guedes num evento em que se discutia as prioridades do governo do estado para os próximos quatro anos, José Calderan fez um contraponto ao discurso inicial do vice-governador José Barbosinha, que entre as prioridades para Dourados citou as – infindáveis – obras de reformas do aeroporto José de Matos Pereira. Calderan pegou o gancho para falar que em Maracaju a prefeitura comprou e pagou uma área para a implantação de um novo aeroporto, cuja maquete, nas mídias regionais, são de dar calafrios nos douradenses que perderam seus voos de carreira regulares para os grandes centros por pura incompetência das administrações que antecederam Alan Guedes. E, assim, pelo andar da “carruagem” militar na pista em reforma do aeródromo local, não demorando muito podendo riscarem os céus da terra de seu Marcelino aviões que decolam não apenas de Ponta Porã e Bonito, mas também de Maracaju, com destino aos grandes centros.

Na terra de seu Marcelino prefeito de Maracaju esnoba supremacia política da terra do coronel Marcondes
Maquete divulgada pela prefeitura de Maracaju, do novo aeroporto da cidade (foto: divulgação)

Foi nesse ponto do discurso que Calderan encheu a boca para debulhar elogios ao currículo do governador Eduardo Riedel. Em tom de lamento, talvez por não poder agora bater no peito para dizer de seu orgulho de suceder ao mesmo Riedel, um dia cotado para o lugar de Azambuja, na prefeitura por ele hoje comandada. E pensar que o então vereador Zezinho da Farmácia, até hoje homem da mais alta confiança de Reinaldo Azambuja em Dourados chegou ensaiar um movimento para fazer o hoje chefão tucano estadual também prefeito da terra de seu Marcelino.

Restou ao vice-governador Barbosinha, na ausência de Alan Guedes, o anfitrião dos prefeitos (seria uma premonição?) explicar, durante abordagem do jornalista Marcos Morandi, do Midiamax, que aquilo ali era um evento de governo e que nada tinha a ver com a sucessão municipal, assunto que, para ele, só deve ser tratado na hora certa. Ou seja, no período que antecede as convenções municipais, ano que vem. Talvez por só pensarem “naquilo” (prefeitura) os políticos de Dourados não ganhem protagonismo estadual, como o fátima-sulense André Puccinelli e os maracajuenses Reinaldo Azambuja e Eduardo Riedel.

Enquanto isso Dourados vai vivendo de recordações. Algumas boas, outras nem tanto. Mas, indiscutivelmente, pagando o alto preço pela ousadia inicial, atrevendo-se ao topo do poder logo na primeira eleição para governador do novo estado. Alto preço pelo susto que o prefeito pedrossianista douradense José Elias Moreira deu ao renunciar ao cargo em 1982 para peitar o oposicionista campo-grandense Wilson Barbosa Martins, ganhando a eleição em todos os municípios do interior, mas levando uma sova na capital. Alto preço pela ousadia do vice-governador Braz Melo em tentar desbancar o mesmo Wilson Martins, em seu segundo mandato. O mesmo Braz Melo que de tanto sucesso que fez em sua primeira administração em Dourados chegou a ser cogitado, a exemplo de Azambuja e Puccinelli, como candidato a prefeito em Campo Grande. O altíssimo preço pago mais recentemente pelo ex-vice-governador Murilo Zauith, também por tentar uma rasteira no titular, no caso o Azambuja.

E talvez por isso, depois da frustração pela prisão, seguida de renúncia e morte de Ari Artuzi, o Sassá Mutema dos douradenses – veja que há mais de dez anos Dourados já clamava por um salvador da pátria – e como nada aconteceu depois disso, o ex-presidente da Câmara, Archimedes Lemes Soares, o Ferrinho, ressurge como uma espécie de reencarnação de Artuzi, colocando-se como alternativa para a sucessão de Alan Guedes.

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