A semana está cheia na política e na economia com julgamento dos atos do ex-presidente Jair Bolsonaro no Tribunal Superior Eleitoral e na economia, um momento em que ficarão frente a frente o ministro Fernando Haddad e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
Reunião do CMN e discussão sobre meta
Na seara econômica, o mais importante deverá ser a reunião do CMN (Conselho Monetário Nacional), na quinta-feira, onde se encontram os ministros da Fazenda e Planejamento e o presidente do Banco Central para decidir temas de regulação econômica e financeira.
Em geral são reuniões técnicas e sem emoção. Desta vez contudo o encontro tem suspense pelo aumento da tensão entre o governo e o presidente do Banco Central.
Mas mais do que isso: a pauta é rediscutir as metas de inflação dos próximos anos, e apesar de ter se falado na possibilidade de se afrouxar a meta, que passaria de 3% para 4%, o mais provável é que se reveja o período do objetivo que deve ser perseguido pelo BC.
Em vez de ano-calendário, como é hoje, seria adotada a meta-contínua, e isso faz toda a diferença, porque a política monetária fica menos amarrada ao número do final do ano. O mercado estará de olho nos sinais que virão na quinta desse encontro do qual participa também a ministra Simone Tebet.
Ata do Copom pode esclarecer cenário para Selic
Na semana passada, o Banco Central não mostrou abertura para a queda da taxa de juros na próxima reunião, como a maior parte do mercado apostava. Mas mesmo assim, grande parte dos economistas continua vendo esse cenário de queda da Selic em agosto.
A ata do Copom, que será divulgada amanhã cedo, pode esmiuçar melhor como o Banco Central está vendo e pensando a conjuntura, já que a inflação vem desacelerando bastante. Quem sabe ele abrirá alguma janela para queda dos juros em agosto?
Reforma tributária em detalhes
Na semana passada, foi apresentada uma primeira versão da reforma tributária na comissão mista, do grupo de trabalho da Câmara e Senado.
Nessa semana, fraca no Congresso por muitas viagens de parla entares, a discussão vai ganhar corpo com secretários de Fazenda dos estados e municípios começando a discutir os fator mais concretos. Além disso os setores estão analisando em detalhes o projeto, principalmente o de serviços que teme alta da carga tributária.
Julgamento de Bolsonaro retomado
O mais forte acontecimento político da semana será a retomada do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que pode tornar o ex-presidente inelegível, com a apresentação do voto do relator. A leitura do voto do ministro Benedito Gonçalves pode selar o destino de Jair Bolsonaro. Se nenhum ministro pedir vista, o julgamento tem grande chance de ser concluído nesta semana, em uma decisão importante para a política brasileira. E assim vai terminando junho no Brasil, o país dos muitos acontecimentos.
Míriam Leitão/O Globo