A mais recente especulação envolvendo a pré-candidatura de Lia Nogueira – do professor petista “amigo do Lula” Tiago Botelho como seu candidato a vice – é só mais uma dor de cabeça para a ainda debutante deputada, cuja trajetória política vem sendo marcada por desafios e ambições, como concluir com êxito a faculdade política que é a Assembleia Legislativa ou tentar um atalho para a prefeitura de Dourados. Continuando deputada ela pode alçar voos mais altos na política, ascendendo à condição de liderança estadual, para somar-se a seus conterrâneos na busca da transformação em realidade de um sonho maior, senão o governo do estado ou o Senado, pelo menos assumindo a condição de referência política na política estadual, diante do vácuo pela iminente aposentadoria de caciques como Murilo Zauith e Zé Teixeira. Virando prefeita, pode repetir o fiasco de Délia Razuk, quando não repetir seu colega de microfone Marçal Filho, que depois de seguidas derrotas no âmbito do legislativo, também sonhando com a prefeitura, teve que começar tudo de novo como vereador.
Popularizada por sua atuação incansável como vereadora denuncista, Lia Nogueira conseguiu, com a raspa do tacho, eleger-se deputada estadual. Sua jornada política é um exemplo de determinação e perseverança, pois ela emergiu da política local mesmo quando muitos não a consideravam uma candidata competitiva, principalmente depois da primeira tentativa de chegar ao Jaguaribe pela primeira vez, ficando apenas com a segunda suplência de vereador.
Sua ascensão ao cenário político estadual só reforça a condição de candidata a prefeita, mas aí surgindo seu drama. De cara, duas questões cruciais. Em primeiro lugar, sua densidade eleitoral ainda é um fator crítico. Apesar de suas conquistas, a base de apoio de Lia Nogueira ainda não atingiu o nível necessário para garantir uma vitória nas eleições municipais. Ela enfrenta a tarefa de expandir sua influência e conquistar uma ampla gama de eleitores, algo essencial para se tornar uma candidata viável. Tanto que como deputada continua a trabalhar como se vereadora ainda fosse, focada nas mazelas locais e, claro, sempre desancando seu arquirrival, o prefeito Alan Guedes. O segundo desafio é sua capacidade efetiva de governar uma cidade do porte de Dourados. O cargo de prefeito exige habilidades administrativas, visão estratégica e capacidade de liderança. Embora tenha demonstrado determinação como vereadora e deputada, a gestão de uma cidade envolve desafios complexos que vão além da atuação parlamentar. O eleitorado espera não apenas comprometimento ideológico, mas também competência na administração pública. Como diz o prefeito Alan Guedes, falar é fácil, fazer é que são elas.
O apoio do ex-governador Reinaldo Azambuja, uma figura influente dentro do PSDB, mas, agora, sem a chave do cofre, pode ser um trunfo importante para Lia Nogueira. Contudo, a construção de uma coalizão eleitoral robusta está se tornando cada vez mais complicada. Ela enfrenta resistência não apenas de potenciais adversários, como o prefeito Alan Guedes – e ela tem consciência que máquina é máquina –, mas também de colegas de partido que ambicionam a mesma posição, como os deputados Geraldo Resende e Zé Teixeira, além do próprio Marçal Filho, ensaiando voltar ao ninho tucano.
Tentando imitar o fenômeno eleitoral Ari Artuzi, Lia Nogueira carrega a responsabilidade de provar que sua trajetória será diferente. A sombra de escândalos e problemas de (falta) governança paira sobre seu projeto. Não apenas as lembranças da era uragânica, como as mais recentemente, na gestão de Délia Razuk, com a polícia e Ministério Público voltando às ações rotineiras no casarão da Coronel Ponciano. Só isso, segundo um dos mais próximos assessores, para conter os faniquitos da chefa.
Resta saber se Lia Nogueira conseguirá equilibrar suas aspirações políticas com a capacidade de se assegurar uma liderança sólida e transparente, sem repetir os erros do passado. Como se vê, ela se encontra diante de uma encruzilhada. Continuar como deputada para fortalecer sua base eleitoral e consolidar sua posição política ou “correr o risco” de se eleger prefeita, já, em 2024. Sua trajetória é um exemplo das complexidades inerentes à política local. Um exemplo disso, a perseguição da qual se diz vítima, do Ministério Público local, devido a uma “simples bravata” dirigida a uma assessora, o mesmo MP que, segundo ela, faz vistas grossas para o que ela considera ser o “o caos”, a administração Alan Guedes.
