O ponto no título seguido do nome do alvo principal de toda a artilharia sucessória municipal é só um desvio para burlar uma superstição, a de que nunca se deve iniciar um texto com um “não”, e a ideia era impactar o leitor começando dizendo que “não é só na novela das oito da Globo que a palavra sucessão está enchendo o saco!”. Reforçando, agora pegando carona no bordão do presidente Lula, nunca antes na história da terra de seu Marcelino uma corrida sucessória começa tão embolada. E dá-lhe sucessão, onde quer que se vá.
Começando pela indiferença do principal interessado na coisa, o prefeito Alan Guedes. Até parece que ele não está nem aí para o tsunami que se aproxima, apenas contabilizando, os dias, claro, para passar o abacaxi para o Barbosinha. Ou para o Ferrinho!, no caso, só para não perder a rima do diminutivo. Quanto ao Barbosinha, evidentemente, pela foto autoexplicativa que ilustra este texto, publicada esta semana no Correio do Estado, ilustrando uma matéria, claro, sobre a sucessão! Falando em tsunami, o gurizão do dr. Eudélio parece uma enorme placa de iceberg. Não fala com ninguém, não atende ninguém, não negocia com ninguém. Só espera a trombada para ver o tamanho do estrago.
O último fuxico da padaria que é o foro onde tudo parece se decidir é que o prefeito estaria com uma piripipi apontada para a testa, numa contagem regressiva para pôr na rua três de seus principais secretários. Isto, caso ainda sonhe com um consenso em torno de seu nome para continuar na tão cobiçada cadeira por mais quatro anos. Talvez por isso a contraofensiva, indo, finalmente, para os bairros, para sentir o cheiro do povo e saber se sua equipe está, mesmo, tapando os buracos, limpando os canteiros centrais de ruas e avenidas e, principalmente, para constatar, in loco, como anda a situação dos postos de saúde. Se pelos papel higiênico já colocaram nos banheiros. Sim, porque a panaceia do Fonplata parece que foi para o beleléu!
Num sintomático contraponto, Eduardo Riedel e Reinaldo Azambuja, os mais sonhados cabos eleitorais de Alan Guedes, começam a mandar recados. É Zé Teixeira convidando Marçal Filho para se filiar ao PSDB, Geraldo Resende, contra-atacando, convidando o vice-governador Barbosinha para disputar – “a sucessão contra Alan”, como frisou – também pelo PSDB, e Lia Nogueira, claro, cada vez mais assanhada. Isso, falando só dos aninhados tucanos, excetuando-se Resende, que, ao convidar Barbosinha, pelo visto, já jogou a toalha. Ainda assim Alan Guedes prefere acreditar no fio de bigode (e ele tem?) de Reinaldo Azambuja e na retribuição do apoio que deu para a eleição de Eduardo Riedel.
Para elucidar – ou desfazer – essa convicção do alcaide, numa mesa da mesma padaria, esta semana, o mineirinho Braz Melo, do alto da experiência de quem esteve na cadeira hoje de Alan Guedes por duas vezes, também passando pela atual cadeira de Barbosinha, no Parque dos Poderes, mas principalmente depois dos tombos que levou na política douradense, fez um questionamento interessante: “Vocês já viram um marido, por mais que ame sua mulher, se atirar com ela na sepultura na hora do enterro?”. Ele se referia ao compromisso que Azambuja teria feito com Alan, na presença de todo o secretariado, na campanha passada, quando Riedel não havia chegado ainda aos dois dígitos na pesquisa, de voltar a Dourados para apoiá-lo, caso Riedel se elegesse.
A propósito do iceberg que não amedronta Alan Guedes, o que estaria pensando disso tudo o ex-vice-governador Murilo Zauith? Pelo sim pelo não, ressuscitado da Covid, ele voltou a despachar, também na padaria, todos os sábados, para cumprir agenda preparada por seu fiel escudeiro José Nunes, o maior líder de bairros de Dourados. Sempre sentado na mesma mesa por onde garante que ela – a sucessão! – por mais louca que seja, vai passar.