Paralelamente à doideira em que virou a sucessão do prefeito Alan Guedes, outra eleição começa a mexer com as lombrigas do entorno da classe política de Dourados. Uma verdadeira guerra, que começa pela periferia, para eleger os futuros ilustres sucessores dos hoje comandados de Laudir Munaretto. Uma disputa que passou a despertar mais interesse dos que insistem em se aventurar na política – com raras exceções os com ideais verdadeiramente ditos republicanos – depois que os dois últimos presidentes da Câmara Municipal trocaram o Jaguaribe pela principal cadeira do gabinete mais luxuoso do popular Barracão da Coronel Ponciano, oficialmente conhecido como prefeitura. Embora Délia Razuk e Alan Guedes (pelo menos até aqui, plenamente) não tenham correspondido às expectativas do eleitorado, o presidente da vez, Laudir Munaretto, torce pelo – que se saiba, até hoje – impossível, ou seja, que um raio caia não duas, como diz o dito popular, mas três vezes num mesmo lugar.
Decadência – Não que as duas últimas legislaturas tenham sido tão boas assim, para fazer seus dois últimos presidentes prefeitos, consecutivamente. Pelo contrário. Parece que a cada quatro anos cai mais o nível dos eleitos, o que se deve, obviamente, ao fator inflacionário. Não apenas no número de candidatos, decorrência do aumento do número de assentos no legislativo municipal, mas da dita cuja “marvada” da inflação que encarece as campanhas, daí a incurabilidade de um mal – o famigerado mensalinho – que abrevia carreiras, algumas até promissoras, com cassação de mandatos e que leva tanta gente para o xilindró ou simplesmente a desaparecer do mapa da política.
Referência I – Não que, nesse contexto, tenha sido um exemplo de legislatura, mas certamente a mais produtiva dos últimos tempos – foi a eleita em 1996, quando do retorno, ops!, de Braz Melo à prefeitura. Daquela turma saíram quatro deputados, um prefeito, um vice-prefeito e um quase deputado, Raufi Marques (um dos presidentes daquele período), que acabou virando figura proeminente da política estadual, como secretário de estado de Segurança Pública, depois chefe da Casa Civil do governo Zeca do PT, por fim secretário de governo da prefeita Délia Razuk, hoje próspero empreiteiro, mas, acima de tudo, grande articulador político.
Referência II – Além de José Laerte Cecílio Tetila, que passaria à história como o primeiro prefeito de Dourados reeleito para um mandato consecutivo, também deputado, a legislatura de 1996-2000 elegeu a dobradinha João Grandão (deputado federal)-Geraldo Resende (inicialmente estadual, depois deputado federal, até hoje) e Bela Barros, que assumiria uma vaga na Assembleia como suplente. Além dela, Carlinhos Cantor, que seria o vice-prefeito de Ari Artuzi nos nebulosos tempos uragânicos. Uma palinha, também, para Joaquim Soares, o engraxate que se elegeu vereador também naquela legislatura, em dobradinha com Raufi Marques chegando também à presidência da Casa, hoje secretário de Agricultura de Alan Guedes.
Tiro no escuro – Tirante Laudir Munaretto, que se não for o nome de consenso para prefeito certamente terá retorno garantido, depois da proeza de ser presidente por quatro anos seguidos, e mais uma meia dúzia de candidatos a raposas dessa nova safra, seria pra lá de arriscado qualquer tipo de palpite para esta que, indiscutivelmente, é a mais difícil das eleições. Também o já longevo Elias Ishy, nome colocado como candidato a prefeito pelo PT, mas que se tentar um novo mandato, pode-se dizer, continuaria com sua cadeira, já cativa.
Eleição obrigatória – Cadeiras que também podem ser dadas como garantidas, duas de postulantes a reeleição e a de um novato. É que o ex-vice-governador e ex-prefeito, ex-deputado estadual e federal Murilo Zauith tem obrigação de reeleger seu motorista Creusimar Barbosa. E para reforçar seu prestígio, um novato, o atual fiel escudeiro José Nunes. Este, com um handicap a mais: é o presidente da poderosa UDAM (União das Associações de Moradores). Outra reeleição dada como certa, a de Maurício Lemes Soares, por todo o barulho que seu pai, o também ex-presidente da Câmara, Archimedes Lemes Soares, o Ferrinho, vem fazendo como pré-candidato a prefeito. Por essa lógica, até por uma questão de honra – da família Razuk – a vereadora Liandra ‘da saúde’ também teria chances de continuar.
Idealistas – Embora chegado ultimamente numa sinecura na prefeitura para seus apaniguados, o veterano petista Elias Ishy ainda leva vantagem pela aura de bom moço. Entre os idealistas, também, quem pode garantir um novo mandato é Fábio Luiz. Até porque vem fazendo jus ao nome de seu partido e, republicanamente, opositor ferrenho à administração do prefeito Alan Guedes. Também por isso, Tânia Cristina, até pela forma como vem retribuindo a Lia Nogueira a cadeira herdada.
Retorno, ops! Finalmente absolvido nos processos – e do trauma das sirenes – das ambulâncias, dos tempos que ainda era deputado federal, um retorno aguardado é o do professor e sindicalista João Grandão. Em que pese o prejuízo que teve pela morosidade do judiciário, ainda uma das lideranças de referência entre as correntes petistas. Pode fazer a diferença e, com ou sem Ishy, dar ao partido do companheiro Lula uma bancada inédita no Jaguaribe.
