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sábado, dezembro 27, 2025

Tragédia em hospital acrescenta novo obstáculo na esperada operação por terra de Israel em Gaza

Crise de imagem retirou o foco total israelense da frente de batalha, mas não é única razão da demora para a operação, que envolve um cálculo militar e político extenso

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O objetivo de destruição total do Hamas, anunciado pelas autoridades israelenses logo após o pior ataque terrorista da História do país perpetrado pelo grupo, parece ter sido novamente adiado, após a explosão em um hospital no centro de Gaza, pelo qual autoridades palestinas culpam o governo de Israel, que nega. A tragédia humanitária tirou o foco total de Israel do campo de batalha, mas não é a única razão para a cautela do Estado Judeu, que precisa sopesar os prós e contras de um avanço em massa sobre Gaza.

A explosão no Hospital Árabe al-Ahli — o mais antigo de Gaza, fundado em 1882 — jogou no colo de Israel uma crise potencialmente devastadora para o Estado Judeu, mesmo dentro de um cenário que o país já era pressionado pelo cerco total ao enclave palestino, a quantidade de morte provocadas por seus bombardeios e o ultimato que provocou um êxodo forçado de mais de 500 mil pessoas, segundo agências da ONU.

Israel negou qualquer relação com o bombardeio do hospital, culpando um “lançamento fracassado” de foguete pela Jihad Islâmica. As Forças Armadas apresentaram justificativas, vídeos e até um áudio supostamente interceptado de integrantes do Hamas como prova de sua versão dos fatos, o que não impediu que protestos se espalhassem por países árabes e atos antissemitas e ameaças terroristas proliferassem pelo mundo árabe e afetassem aliados ocidentais. A Jihad Islâmica e o Hamas culpam Israel pelo ataque.

Embora a crise de relações públicas tenha ocupado a alta cúpula político-militar de Israel nas últimas 24 horas, a operação em Gaza não parou. No entanto, se por um lado os bombardeios não cessaram contra alvos no território palestino, nenhuma sinalização do início de uma nova fase do conflito, como autoridades comentaram ao longo das últimas semanas, foi dada. A prometida operação terrestre, por hora, parece estar estagnada.

Fontes militares apontaram que uma invasão por terra é uma das operações militares mais complexas previstas pela doutrina militar, principalmente em um cenário urbano e altamente denso como Gaza. Mesmo com uma ampla superioridade militar, entrar em um terreno hostil, amplamente mapeado e conhecido pelo inimigo e com os olhos do mundo voltados para as eventuais perdas civis no caminho são um risco muito alto.

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Em 2014, quando Israel entrou com tropas no enclave palestino em uma escala maior — embora em regiões muito mais superficiais que “o coração de Gaza”, onde as autoridades disseram pretender chegar para capturar a liderança do Hamas — dezenas de soldados morreram.

Soma-se ao risco o fato do Hamas ter capturado cerca de 200 reféns de várias nacionalidades em território israelense, quando invadiu o país no dia 7. O grupo terrorista afirmou, anteriormente, que mataria as vítimas sequestradas se os bombardeios continuassem. Não está claro se a promessa foi cumprida. O movimento palestino também anunciou que alguns dos reféns morreram em bombardeios de Israel.

Tragédia em hospital acrescenta novo obstáculo na esperada operação por terra de Israel em Gaza
Ameaça subterrânea: túneis do Hamas são preocupação de segurança para Israel — Foto: Arte/O Globo

Um pensamento estratégico, contudo, pode estar segurando um avanço israelense. Uma vez que, além do braço armado, o Hamas também detém o controle político da Faixa de Gaza, exterminar o grupo terrorista significaria também deixar o enclave palestino sem governo. Como alertou o colunista do The New York Times, Thomas L. Friedman, em um artigo publicado nesta semana, acabar com o Hamas sem uma opção para substituí-lo poderia prender Israel em Gaza novamente, o que aponta como um retrocesso nas relações Israel-Palestina e um fardo para o povo israelense.

“Se Israel ainda decidir que precisa entrar em Gaza para capturar e matar a liderança do Hamas, só deve fazer isso se tiver uma liderança palestina legítima para substituir o Hamas — para que Israel não seja levado a governar o local para sempre. Se isso acontecer, todo dia que o sol não brilhar em Gaza, que a água não fluir, que a eletricidade não funcionar e fome ou doença se espalharem, a culpa será de cada israelense e de cada judeu do mundo. Israel está preparado para esse fardo?”, escreveu o analista americano.

Agências Internacionais

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