O título deste texto, o primeiro do tão auspicioso 2024, por ser o ano da eleição municipal, remete à uma coluna do jornal O Panorama que deu muito o que falar no início dos anos 1980, por conta de um repórter insubordinado (Mário Márcio Bravos) que assinava seu “Bom dia Madame” com o pseudônimo de Mister M, sempre estragando o café da manhã do prefeito José Elias Moreira com narrativas em formato de telefonemas para as madames douradenses, denunciando o que entendia como os malfeitos da administração. Ontem foi meu dia de dar bom dia, não para as madames, mas ao governador Barbosinha. Não para denunciar ou ironizar nada, mas para parabenizar mais um amigo governador, com o sentimento de orgulho por, pelo menos 14 dias, como douradense do Jaguapiru, ter um de nossos representantes à frente do poder máximo do estado, como já acontecera com George Takimoto (vice de Marcelo Miranda), Braz Melo (vice de Wilson Martins), Egon Krakhecke (vice de Zeca do PT) e Murilo Zauith (vice de André Puccinelli e Reinaldo Azambuja).
Muito mais que arroubo de um escrevinhador interiorano, a assunção de Barbosinha nos remete a uma importante reflexão: afinal, quando os políticos de Dourados terão competência para arquitetar um projeto que leve uma liderança com domicílio eleitoral na Província de seu Marcelino a ocupar o trono de Pedro, o Pedrossian, como tentou o mesmo José Elias Moreira lá no já longínquo em 1982?
Já passou da hora de Dourados bater na trave, como fez com Zé Elias naquela que foi a primeira eleição para o governo de Mato Grosso do Sul. Depois, com Braz Melo, que, saído de sua primeira administração como o prefeito mais bem avaliado daquele período, no estado, perdeu a chance de ser governador porque em vez de pensar e agir como gente grande ficou preocupado em pôr um aliado em sua cadeira, perdendo a oportunidade de eleger o sucessor e se consolidar como liderança regional, para, como tal, brigar pelo poder no estado.
De todos os coadjuvantes do poder estadual daqui eleitos, o que esteve mais perto de transformar em realidade o velho sonho dos douradenses foi Murilo Zauith. E isto está ainda muito recente na memória de quem está na lida política, pois que a encrenca com o governador Reinaldo Azambuja fez com que Zauith precisasse reforçar seu estoque de ansiolíticos nem bem terminada a medicação do tratamento como o paciente por mais tempo internado por Covid no Brasil.
A briga do vice-governador Murilo Zauith com o governador Reinaldo Azambuja foi consequência de um amadorismo cruel, logo ele, um empresário tão bem sucedido, “emprenhado pelos ouvidos” por assessores tão provincianos, insensíveis e incompetentes, incorrendo no mesmo erro de Braz Melo, que teria recorrido até a espíritos do mal para que tirassem o velho Wilson Barbosa Martins de seu caminho. Murilo fez vistas grossas a mecanismos rasteiros para tentar derrubar o titular do cargo. Por isso, foi defenestrado sem dó nem piedade por Azambuja da Secretaria de Infraestrutura do estado, da qual, como plenipotenciário, fazia trampolim para uma eventual candidatura à reeleição caso viesse a assumir o governo com a lógica da desincompatibilização do titular para concorrer a um cargo legislativo, como deputado federal ou senador.
Lembrando que de todos os governadores de Mato Grosso do Sul, apenas Wilson Barbosa Martins era de Campo Grande. Seu vice, que assumiu com sua desincompatibilização para disputar o Senado, Ramez Tebet, era de Três Lagoas. Além do homem de Miranda, Pedro Pedrossian, o governador dos dois Mato Grossos, Marcelo Miranda, por ele “inventado”, veio de Paranaíba, passando, antes, pela prefeitura de Campo Grande; Zeca do PT é de Porto Murtinho, André Puccinelli começou na lida política como candidato derrotado à prefeitura de Fátima do Sul e Reinaldo Azambuja duas vezes prefeito de Maracaju, de onde saiu também seu sucessor Eduardo Riedel.
Que Barbosinha não repita Braz Melo nem Murilo Zauith, que não seja tão discreto como George Takimoto ou Egon KKK, mas que mire em Londres Machado, o fátima-sulense também governador por apenas 14 dias (como presidente da Assembleia no período da demissão de Marcelo Miranda e a nomeação e posse de Pedro Pedrossian no turbulento período pós-divisão), mas que usou esse lapso de tempo para se consolidar como o homem mais poderoso do estado, até hoje, mesmo sem nunca ter disputado o governo do estado.