Pesquisa realizada pelo Monitor do Debate Público da USP com apoiadores de Jair Bolsonaro que compareceram ao ato em sua defesa na avenida Paulista no último domingo apontou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, como o favorito dos bolsonaristas para a eleição presidencial de 2026. Mas será que ele almeja a missão?
Dez entre dez aliados de Tarcísio, de secretários de seu governo a dirigentes de seu partido, asseveram que ele está decidido a ser candidato à reeleição. Apontam que essa precipitação de pular etapas custou a João Doria uma saída precoce da política, algo contra que seu sucessor estaria vacinado. Tarcísio não tem 50 anos ainda e não teria por que queimar etapas, deixando de disputar a reeleição no maior Estado do país e se arriscando a enfrentar o presidente Lula em sua última eleição.
Mas quem acompanha política conhece esse roteiro: se uma sequência de pesquisas em todo o território nacional (a enquete de domingo não é metodologicamente compatível com uma pesquisa nacional, além de ter sido feita na “casa” de Tarcísio, o que o favorece) começar a apontar sua dianteira, ele será pressionado a rever a decisão e também pode se entusiasmar com a ideia de um voo mais alto.
Já seu colega de Goiás vive momento distinto: prestes a concluir o segundo mandato de governador e já tendo passado muitos anos no Senado, Ronaldo Caiado não faz mistério de que está em plena campanha para angariar o apoio os votos de Bolsonaro para 2026. Ele pretende, inclusive, se filiar ao PL, para o que depende da bênção do ex-presidente.
O problema é que Bolsonaro nutre uma grande desconfiança a respeito da fidelidade genuína de Caiado a seu projeto. Não deixa de mencionar aos mais próximos que o governador de Goiás se afastou e o criticou no auge da pandemia, e duvida de que, uma vez candidato ou ainda mais se eleito vá rezar pela sua cartilha.
O União Brasil está em polvorosa com a possibilidade de perder seu único nome mais vistoso no cenário nacional, e estende um tapete vermelho em frente a Caiado para que ele fique na sigla. Mas a ambiguidade do partido em relação ao governo Lula é um fator a ditar a preferência do goiano pelo PL, uma vez que pretende ser o nome da direita e do agronegócio no embate com Lula.
Vera Magalhães/O Globo
