O cenário político fervilhante do ano das eleições municipais pode representar a última oportunidade de esperneio de notórios jurássicos políticos da terra de seu Marcelino, com a consequente sinalização de uma mudança de maré. Prelúdio político que só aconteceria em caso de reeleição do ainda jovem Alan Guedes; com sua eventual derrota dando sobrevida a algumas dessas lideranças em fim de carreira, como é o caso do principal algoz do prefeito, o deputado Zé Teixeira, que, neste caso, já poderia comprar uma bengala para subir a rampa do Guaicurus pela nova vez consecutiva, em 2027.
Além do decano Zé Teixeira, o também já longevo federal Geraldo Resende e o ex-vice-governador Murilo Zauith, nomes históricos, para quem essa eleição seria embalada pelo canto do cisne. Uma derrota deles ou de seus aliados para a prefeitura poderia representar o fim de uma era política marcada, com seus altos e baixos, por suas influências. Uma frustração para o eleitorado douradense, que via neles potenciais candidatos ao governo do estado ou ao senado da República.
Nesse embalo, outros políticos veteranos como o ex-deputado Roberto Razuk, sua esposa, a ex-prefeita Délia Razuk, os ex-deputados George Takimoto e Valdemir Machado, o ex-prefeito Braz Melo e até Marçal Filho, que embora ainda se apresente como uma figura relevante, pode estar à beira do esquecimento político. Uma nova derrota, se é que vai concorrer, poderia significar o fim de seu vaivém entre os plenários (do Jaguaribe, o verde, da Câmara Federal, e o do Guaicurus) e seu estúdio de rádio, devendo se aposentar como o radialista-empresário que sempre sonhou ser.
Por isso, a grande expectativa para os nomes que emergirão das urnas em outubro para ocupar os novos espaços. Entre os potenciais candidatos a cacique, uma vez reeleito, pela ordem natural, o próprio Alan Guedes se destacaria como novo líder regional. No rescaldo do ninho tucano e de seu entorno, o vice-governador Barbosinha, uma reserva técnica e moral que, a depender de como se posicionar no pleito vindouro, terá tudo para fazer o contraponto a uma hipotética segunda administração de Alan Guedes, correndo por fora as deputadas Gleice Jane, estrela em ascensão do PT, e a tucana Lia Nogueira. No caso da sempre espevitada e barraqueira preta Lia, que saiu do Jaguaribe mas o Jaguaribe não saiu dela, precisando ainda aprender a ser deputada, se quiser alçar voos mais altos na política. Além desses e dessas, os que se sobressaírem entre os futuros 21 eleitos para o mesmo Jaguaribe.
Assim, após a Uragano, a operação de combate à corrupção do Ministério Público e da Polícia Federal de quinze anos atrás, que ceifou a mais promissora safra de novas lideranças políticas em Dourados, com o fenomenal prefeito Ari Artuzi puxando a fila dos que foram prematuramente para o sepulcro (ele literalmente) político, a eleição deste ano pode representar a maior renovação política em massa na história recente da cidade. Seria o momento de virada, da tão sonhada renovação nos quadros da política, restando saber se os eleitos terão, de verdade, aptidão para a coisa, com cabeças arejadas para poder acompanhar esses novos tempos, numa cidade atípica como Dourados, que experimenta o maior boom de crescimento em sua história, com a administração pública precisando se esmerar ao máximo para acompanhar o empreendedorismo da iniciativa privada. Como escrevia o nosso imortal poeta e grande causídico Alcodan, assim foi, assim é, assim será.