Primeiro foi no Douranews, site de seu guru Clóvis de Oliveira, depois num programa semanal de entrevistas na rádio de Antônio Tonanni, a 92 FM, agora no velho e combalido Correio do Estado. O vice-governador José Carlos Barbosinha resolveu sair da toca e se autoproclamar pré-candidato à sucessão de Alan Guedes, de quem foi derrotado quatro anos atrás, mesmo com todo o apoio dos mesmos ditos cérebros da política que hoje tentam emplacar a pré-candidatura do entorno tucano, aí incluído o ex-deputado Marçal Filho. Erro de avaliação de Barbosinha ou jogo combinado com Eduardo Riedel? Independente da resposta, uma coisa parece cada vez mais evidente: a pré-candidatura de Marçal Filho, mais uma vez, parece estar indo para o beleléu. Até porque, mais que provado está ser ele o pomo da discórdia da política douradense.
O fato novo da ampla matéria publicada hoje em destaque pelo jornal do saudoso Antônio João Hugo Rodrigues é o comunicado que o vice-governador diz ter feito governador, sobre suas pretensões, ou seja, deixar sua confortável condição de coadjuvante no governo para cumprir o que coloca como uma missão de vida na terra de seu Marcelino. O que remete ao raciocínio lógico: ou Barbosinha é um artista, em busca de um melhor posicionamento no cenário político estadual ou o governo do qual é o número dois não está fechado com Marçal Filho, como insistem em fazer crer alguns tucanos de alto coturno, como diria o decano do jornalista fronteiriço João Natalício de Oliviera, o mais notório dos discípulos do Padre de Caarapó.
O que mais deixa os tucanos de orelhas em pé nessa confusão toda é a saia justa em que está metido Eduardo Riedel, eleito com o decisivo apoio de Alan Guedes em Dourados, cuja retribuição é aguardada com expectativa, até pela parceria tida como das mais promissoras entre governo e sua administração, conforme suas declarações, prá lá de otimistas, ontem à tarde à saída do gabinete do governador. Pela agenda da governadoria, o prefeito lá esteve para convidar oficialmente o governador para a abertura da Expoagro, que será só em maio, mas, nos bastidores, vazando a informação que outros assuntos teriam entrado na pauta. Quer dizer, falou-se, também, de sucessão municipal.
Como se não bastasse esse compromisso implícito de Riedel com o projeto de reeleição de Alan Guedes, as candidaturas que abundam em seu partido (PSDB), o imbróglio Marçal Filho, nesse vai-não-vai para o ninho tucano, agora a pré-candidatura de seu vice, Barbosinha. Barbosinha que só se senta à mesa com Alan Guedes para tomar água da Sanesul, assim mesmo em eventos oficiais; que jura não haver nada de vingança em sua pretensão, apenas entendendo ser sua hora, pelo que considera ser uma missão de vida a responsabilidade que tem com a população douradense. Lembrando que entre os demais que pretendem subir a rampa do barracão da Coronel Ponciano, além do tucano federal Geraldo Resende, estão dois deputados da base de apoio de Riedel na Assembleia – pra complicar mais ainda, também tucanos – Lia Nogueira e Zé Teixeira, cujas bicadas não há governador que aguente, uma vez não atendidos seus desejos.
Coincidência ou não a visita de Alan Guedes a Eduardo Riedel aconteceu depois de encontro extra agenda do governador com um grupo de bolsonaristas douradenses, líderes do agronegócio, também preocupados com as turbulências do processo sucessório em Dourados. Diferentemente de Barbosinha, não impuseram nomes, mas ofereceram a Riedel um leque de opções, todos nomes do círculo pessoal e empresarial tanto de Riedel como de Azambuja, os dois maiorais do PSDB no Estado. Isto, diante da rejeição, no setor, aos nomes que estão em fase de avaliação nas várias correntes partidárias, principalmente tucanos ou entre os que ameaçam voltar ao ninho. O que mais estaria incomodando essas lideranças seria o chamado “mais do mesmo”, ante o que consideram como flagrante falta de resolutividade das demandas do setor público, enquanto a cidade se agiganta graças à visão de empreendedores do setor privado.