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domingo, novembro 24, 2024

Isa Marcondes ‘obriga’ Pedrossian a ‘retornar’ do mundo espiritual para cuidar da carreira do neto

Isa Marcondes é pré-candidata a vereadora pelo PL de Bolsonaro, apoiada pelo deputado João Henrique Catan

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Preocupado com a onda de aquecimento global que afeta o Planeta e, por isso, temendo não conseguir retornar a tempo de terminar sua grandiosa obra – que seja o Palácio do Governo, por entender que o MS não pode continuar sem sua cabine de comando, mais se parecendo um monstro sem cabeça –, Pedro Pedrossian, o maior de todos os governadores dos dois Mato Grossos resolveu dar uma volitada pelo estado, com uma parada Dourados. É que na métrica do mundo espiritual, o tempo de retorno (reencarnação) começa a partir dos cinquenta anos a contar do último desencarne e, bom de contas como sempre foi, Pedrossian chegou à conclusão de que dificilmente poderia retornar em tempo de reassumir as rédeas do estado beirando aos quarenta anos, como aconteceu em 1966, quando se elegeu governador aos 38 anos. Pelo menos enquanto o Planeta estiver atravessando essa fase de provas e expiações, prevista para acabar daqui a uns setenta anos, o que seria mais um desafio para o grande engenheiro.

O motivo do retorno extemporâneo foi a notícia de que a dona de uma casa noturna de Dourados – a sempre polêmica bolsonarista Isa Marcondes – anda pra cima e pra baixo com o deputado João Henrique Catan, neto de Marcelo Miranda, um ilustre desconhecido de Paranaíba que ele trouxe às pressas para ser prefeito de Campo Grande, depois, por ele indicado para suceder a Harry Amorim Costa, o primeiro governador do MS, por ele derrubado. Traído por Marcelo, já senador eleito, se autoindicou ao general-presidente de plantão, João Figueiredo, como o terceiro governador naquele turbulento início do novo estado.

Exatamente por conta dessa intriga com o ex-pupilo Marcelo Miranda é que Pedrossian resolveu voltar agora, para que o alarde da sobrinha-neta do lendário coronel Marcondes com o deputado Catan não afete o projeto político do Pedrossian Neto, o deputado que só agora resolveu mirar a trajetória do avô. Depois do pouso de seu aerobus em Campo Grande, decolou para Dourados. Vendo lá de cima uma fumaceira na fazenda de Estevam Minhos resolveu ali pousar, já sentindo o cheiro do famoso churrasco e na esperança de encontrar por ali também volitando seu antigo e confidente amigo, o coronel Adib Massad, juntamente com Minhos um dos fundadores do GOF, hoje DOF. Além, claro, de Isa Marcondes, com quem pretendia ter um tête-à-tête.

Como o espírito leva consigo todas as qualidades e defeitos da passagem terrena e, sendo Pedrosssian avesso ao puxa-saquismo reinante no entorno dos caciques e coronéis da política, pediu-me socorro assim que me avistou “tocando uma gaita” numa ripa de costela empurrada por uma Heineken gelada ao lado do historiador Astúrio Dauzacker. Mesmo por sua condição de espírito elevado, podendo manter-se incógnito e escolher por quem gostaria de ser visto, disse que só que queria mesmo falar com Isa e que eu não insistisse com as perguntas impertinentes do repórter insubordinado de seus tempos.

Desculpando-me, insisti: “Mas dr. Pedro, nem ‘umazinha’ sobre o Bolsonaro?”.

 — Esse é carta fora do baralho, o presidente não é o Lula?

 — Mas o Bolsonaro não corre o risco de ir para a cadeia?

Já alisando o bigodinho preto famoso, irritado com minha insistência, Pedrossian recorreu ao português rebuscado de outro mato-grossense do Sul ilustre, o ex-presidente Jânio Quadros.

— Mas o Lula também não o foi?

Percebendo que ele não gostaria de se imiscuir na discussão terrena da moda – o da direita x esquerda – pedi que me matasse pelo menos uma curiosidade.

— O Artuzi já chegou por lá?

Como se tratava, este sim, de um mito regional, não se negou a responder.

— Alguma dúvida? E já chegou causando, tão ou mais barulhento que aqui, com o seu “ajuda eu”, “me chama que eu vou”, umas coisas assim, desconexas. O Totó (ex-prefeito e seu correligionário de PSD) e o Harrison (de Figueiredo, brizolista, mas também seu aliado político) estenderam tapete vermelho para ele. O cara realmente é fera, como diz seu amigo Murilo Zauith.

É aquela velha história, por onde passa um boi passa uma boiada. Sentindo meu ídolo mais à vontade, quis saber do amigo comum, o grande prefeito Zé Elias Moreira.

— O Zé chegou por lá meio jururu. Só me procurou quando encontrou o dr. Cerveira (vice-prefeito de Zé Elias), temendo uma reprimenda por ter me trocado pelo Zeca do PT. Como o Sacadura (Adão Geraldo Rondon Pereira, pedrista de quatro costados) e o João Beltran (ex-procurador-chefe do Tribunal de Contas) tinham  agenda comigo no mesmo horário, a conversa resvalou para reminiscências e muita gozação. O Zé até tentou se justificar pelo fiasco da obra inacabada do aeroporto – quem mandou entregar isso para os milicos! – mas preferi fazer de conta que não sabia de nada.

Muito à vontade por falar de velhos companheiros, foi a vez de Pedrossian matar também sua própria curiosidade:

— É verdade que o Ferrinho anda usando meu nome como candidato a prefeito?

Ante a minha confirmação, apenas sorriu:

— Continua o mesmo, aquele danado.

Frustrado por não conseguir falar com Isa Marcondes na festa de Estevam Minhos, e, dizendo que só não iria ao local de trabalho dela porque dona Maria rodaria a baiana, dr. Pedro já se dirigia ao seu aerobus quando insisti numa última pergunta, sobre sua avaliação do governo Eduardo Riedel.

— É um bom moço, como você mesmo já escreveu, na comparação à minha trajetória, mas para isso precisa apartar de algumas pessoas que agem nos porões do poder, o que pode encurtar o que está pintando como uma promissora carreira, até em nível nacional, só meditar todos os dias sobre tudo o que aconteceu com o Lula e agora com esse Bolsonaro.

Já saindo do solo, seu aerobus em nada lembrava o helicóptero com o qual Pedrossian se apresentava assustando os eleitores, principalmente do interior, que nunca haviam visto uma aeronave daquele tipo, que quando decolava fazia um poeirão danado, uma das causas apontadas para a sua derrota na última eleição que disputou para o Senado. Abrindo a janelinha, ainda teve tempo de um último recado:

— Por favor, diga ao Braz que deixei um grande abraço.

Ele mesmo, o ex-prefeito Braz Melo, o político de Dourados em  quem Pedrossian apostava todas as suas fichas e que acabou no colo do maior adversário dele, o ex-governador Wilson Barbosa Martins, de quem foi vice-governador.

Como se vê, voltei a sonhar, mas também a ter alguns pesadelos.

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