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sexta-feira, novembro 22, 2024

Padilha diz que não vai ‘descer ao nível’ de Lira e cita Emicida: ‘Rancor é igual tumor’

Em agenda no Rio, ministro das Relações Institucionais e responsável pela articulação do governo com o Congresso comentou mal-estar com presidente da Câmara, que o chamou de 'incompetente'

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O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, atacado nesta quinta-feira pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), rebateu as falas e disse que não vai “descer ao nível” do deputado, que chamou de “incompetente” e “desafeto pessoal”. Responsável pela articulação política do governo, Padilha alegou ainda que não guarda rancor do parlamentar.

— Sinceramente, não vou descer a esse nível. Sou filho de uma alagoana arretada que sempre disse que, se um não quer, dois não brigam — afirmou Padilha nesta sexta-feira, antes do evento Líderes em Energia, no Rio.

As declarações de Lira ocorreram durante evento no Paraná, após ser perguntado sobre a votação que manteve o deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ) na prisão. Lira e Padilha estão rompidos desde o fim do ano passado. Hoje, Padilha classificou a relação do governo com o Congresso como um “sucesso” no ano passado e citou o rapper Emicida.

— Quero repetir esse sucesso, não tenho nenhum tipo de rancor. A periferia de São Paulo produziu uma grande figura, o Emicida, que diz: ‘Mano, o rancor é igual tumor: envenena a raiz, quando a plateia só deseja ser feliz’. Sei que os deputados querem ser feliz e manter os bons resultados para o país — apontou.

Para o presidente da Câmara, o governo passou a “plantar” a tese de que ele trabalhou a favor da soltura de Brazão, preso no mês passado acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco. Lira nega. Na quarta-feira, por 277 a 129 votos, a Câmara manteve a detenção do parlamentar do Rio.

No mesmo dia, Padilha se manifestou logo cedo pela manutenção da prisão de Brazão. O governo orientou as bancadas a votarem para que o deputado continuasse preso. Ao longo do dia, auxiliares do presidente Lula entenderam que Lira não gostou do gesto.

As críticas públicas de Lira contra o ministro de Lula foram recebidas pelo Palácio do Planalto como uma demonstração de insatisfação do deputado pelo resultado do plenário. O presidente da Câmara afirmou que a votação foi “individual” e que não houve empenho seu para convencer os parlamentares. O Planalto, no entanto, interpreta a reação de Lira nesta quinta como um “recibo” de que, se houve movimentação do presidente da Câmara para soltar Brazão, ele saiu derrotado.

Questionado nesta sexta-feira sobre o aspecto que teria motivado as críticas de Lira, Padilha alegou de novo que não desceria o nível:

— O único ato que fizemos publicamente durante a votação desse tema foi afirmar que o governo defendia, sim, a manutenção da prisão desse parlamentar — disse. — Lembrando que o governo inclusive tem uma ministra (Anielle Franco, da Igualdade Racial) que é irmã da Marielle.

A declaração desta sexta-feira foi a primeira do ministro após a o ataque de Lira. Ontem, logo após as críticas virem à tona, Padilha publicou um post no X (antigo Twitter) com um vídeo em que Lula faz uma série de elogios a ele e ao seu desempenho na articulação política. Lula chegou a dizer que Padilha iria “bater recorde” de tempo à frente do ministério.

Arthur Lira e Alexandre Padilha não conversam desde o fim de 2023. O presidente da Câmara tem tratado de assuntos do governo com o ministro da Casa Civil, Rui Costa.

Caio Sartori/O Globo — Rio de Janeiro

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