A candidatura do professor José Laerte Cecílio Tetila como vice-prefeito numa chapa pura do PT, encabeçada pelo professor Tiago Botelho, representa um momento de grande importância e simbolismo para a política de Dourados. Tetila é reconhecido como um dos melhores gestores da história, ao lado de José Elias Moreira e Braz Melo. Sua administração, que teve como marco a implantação da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) é lembrada com admiração e respeito, tanto pelo legado de desenvolvimento quanto pelo seu compromisso com a justiça social.
Por isso o PT vem insistindo para que ele aceite esta missão. O nome de Tetila foi aclamado durante encontro do partido realizado neste fim de semana na AABB, com o objetivo de tentar levar a candidatura petista para o chão, literalmente, ou seja, fazer com que o candidato tido como “almofadinha”, que só faz campanha pelas redes sociais, aprenda a amassar o barro da terra vermelha de seu Marcelino.
Quase um octogenário e aposentado da política, Tetila tem se dedicado à literatura e à música, com um foco especial nas questões dos povos originários e ambientais, incluindo a defesa do Pantanal. Seu retorno à cena política, mesmo que como vice, é visto como uma tentativa de revitalizar o partido e conferir credibilidade a uma candidatura que não se sustentaria como o ingênuo mote escorado no cognome do cabeça do chapa como “amigo do Lula”.
A escolha de Tetila como vice na chapa de Botelho é um movimento estratégico em um momento de encruzilhada para o PT em Dourados. O partido enfrenta divisões internas, com figuras como o ex-governador Zeca do PT e o deputado federal Vander Loubet defendendo o apoio à reeleição do prefeito Alan Guedes, enquanto uma ala mais radical apoia a candidatura de Botelho. Tetila ressurge, assim, como um nome de consenso, capaz de unir a companheirada das diferentes facções e fortalecer a campanha.
Sua possível candidatura acalma lideranças históricas como Elias Ishy, que, mesmo sonhando em trocar o Jaguaribe pela prefeitura, agora se posiciona, como mostrou-se na reunião deste final de semana, como um dos maiores entusiastas da chapa pura, desde que, com Tetila de vice. O mais longevo com mandato de vereador, Ishy voltou a circular entre os militantes do partido promovendo esta união em torno desta nova formação.
O PT, que já enfrentou diversas derrotas em tentativas anteriores de conquistar a prefeitura, primeiro, em 1982, com José Joaquim, depois com Ribeiro Arce e Egon Krakhecke, vê em Tetila a chance de recuperar a confiança dos eleitores. Isto, como forma de dar ao sempre tão difícil eleitor douradense a chance de uma mea-culpa, pelo não reconhecimento de sua bela administração, negando uma chance ao também professor Wilson Biasotto, o candidato por ele apontado como o ideal para consolidar seu legado de oito anos, como o primeiro prefeito reeleito em mandato consecutivo.
A candidatura de Laerte Tetila como vice-prefeito na chapa de Tiago Botelho não apenas representa uma busca por unidade dentro do PT, mas também é um esforço para recuperar a credibilidade e a força eleitoral do partido em Dourados. Tetila traz consigo uma rica história de serviço público e um compromisso inabalável com as causas sociais e ambientais, tornando-se uma figura chave na tentativa do PT de reconquistar a prefeitura.
Mesmo com todo esse histórico, no entanto, com aquela paciência oceânica que Deus lhe deu, o beato professor, além de ex-prefeito com passagens também pelos palácios Jaguaribe e Guaicurus, Tetila reluta em aceitar essa que poderia ser sua última missão como militante histórico do partido dos trabalhadores. Mesmo com saúde de ferro, um gigante, tanto física como intelectualmente, com perfeita noção de time, o que só é possível a quem tem outra qualidade, esta nem sempre interessante aos políticos, que é a da humildade. Grande professor Tetila, o ‘major’ pacifista cuja arma empunhada é apenas a palavra.