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quinta-feira, novembro 21, 2024

O arsenal de Alan Guedes, que pode detonar não só candidatos à Câmara, mas também à prefeitura

Fala do prefeito, que estaria sendo vítima de chantagem, soou como ameaça ao legislativo douradense

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A reação do prefeito Alan Guedes ao que parece ter sido uma chantagem de pseudos aliados, mas principalmente de setores da oposição à sua administração, aí incluídos vereadores e deputados, remete ao maior escândalo da história política de Dourados e do Mato Grosso do Sul – as operações Brothers, Owari e Uragano, da Polícia Federal, que 14 anos atrás levaram à cadeia o prefeito Ari Artuzi, seu vice Carlinhos Cantor, quase toda a Câmara Municipal e os secretários da época, além vários empreiteiros e empresários.

Com uma coincidência, aliás perigosíssima, pela forma como tudo começou, com gravações de vídeos em celulares, depois com equipamentos de alta tecnologia. A diferença é que naquela ocasião foi o próprio Artuzi quem encarregou seu secretário de Governo, Eleandro Passaia, a gravar os vereadores, também porque se sentia pressionado pelo clientelismo, aí incluídos os famigerados “mensalinhos”, até de verbas da saúde, para os nobres edis. O mesmo Passaia que inicialmente distribuía dinheiro aos vereadores, depois mudando de lado, passando a executar o serviço sujo, por razões óbvias, na condição de delator, aí já por determinação e com orientação da Polícia Federal.

Considerando-se o perfil conciliador de Alan Guedes e sua lhaneza no trato com as pessoas, causou surpresa o tom de sua fala, ao mostrar o celular como arma durante um evento de assinatura de ordem de serviço para implantação de um novo e moderno sistema de iluminação para cidade. Ao enaltecer a parceria com a Câmara Municipal o prefeito  disse que “lá tem muita gente séria”, mas com a ressalva de que “também tem gente lá que não é séria, e eu posso atestar, mas não é hora”.

Daí a lógica da existência de um verdadeiro arsenal para ser usado na campanha eleitoral, já que Alan Guedes jamais se incomodou com críticas como as da vereadora Tânia Cristina, que era sua assessora e que trocou de lado, tal qual Passaia. “O prefeito não se nivelaria a ela, muito menos àquela em quem ela se inspira”, disse, numa referência à deputada Lia Nogueira, um assessor, para quem elas já perderam o discurso, diante das entregas da administração, mas admitindo que “o buraco é mais embaixo”, ou seja, que o prefeito tem munição de sobra para reforçar o discurso com o qual se elegeu quatro anos atrás, batendo no “arcaico” da política, nos ditos caciques e coronéis, alguns até com passagem pela cadeia e que estarão novamente no palanque adversário.

Some-se a isso tudo à fala do prefeito ao ContrapontoMS, em seu gabinete, na Expoagro, referindo-se à sua amizade com o radialista Marçal Filho, com a ressalva, também, de que o tucano além de amigo é seu “confidente”. Mais, a marcação do prazo para abrir sua caixa de ferramentas: 1º. de Julho, não por coincidência o prazo em que, por força da legislação eleitoral, Marçal Filho terá que sair do ar, ou seja, a partir daí valendo os tempos dos candidatos para apresentação de propostas, mas também para a colocação dos pingos nos is.

Mais disruptivo impossível. Ainda mais quando informações vazadas do entorno do prefeito dão conta de que ele começou a se resguardar lá atrás, quando resolveu se livrar do cabresto de Zé Teixeira, disputando, e ganhando, a presidência da Câmara contra o vereador Pedro Pepa, indicado pelo deputado, o mesmo deputado e da mesma forma hoje dono da candidatura Marçal Filho.

“Gelo”, como ele mesmo se define, mas escolado com aquele episódio, Alan Guedes teria, ali, começado a colecionar “documentos”. Não apenas os que comprovariam as propostas não muito republicanas para que desistisse de disputar a presidência do Jaguaribe, como as que viriam na sequência, durante a presidência da Casa que tão bem conhece. A mesma coisa depois, na prefeitura. “Até bilhetinhos daqueles que mais criticam sua administração pedindo favores, a maioria empregos e ‘otras cositas más’ ele tem guardado”, comentou uma fonte na manhã dessa segunda-feira na padaria onde se sente a fervura da política douradense.

Aliás, foi nessa mesma padaria, também nesta segunda-feira, que um vereador ligado ao deputado Zé Teixeira exibia todo garboso uma ameaça por ele feita logo após a polêmica fala do prefeito, e que circula nas redes sociais: “pode deixar, a gente amansa ele (o prefeito) na próxima sessão”. Isso elevou ainda mais a tensão entre legislativo e executivo, ficando agora expectativa para o revide que pode ocorrer hoje no plenário do Jaguaribe.

A declaração de guerra está feita. Resta saber quem acertará o alvo primeiro, e quantos sobrarão, entre mortos e feridos.

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