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sábado, setembro 7, 2024

Erisipela de Bolsonaro pode afetar a estratégia da sucessão de Alan Guedes

Candidatura de Gianni Nogueira pode ser apenas um balão de ensaio, para negociar a vice-prefeitura e pavimentar o caminho do marido, o deputado Rodolfo Nogueira à reeleição

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Coisa aí de quinze anos atrás, numa daquelas rotineiras conversas com o ex-deputado Roberto Razuk, em sua aprazível varanda, nos altos da Ponta Porã (nos tempos em que para ele eu ainda não era apenas mais um gonorréia de sua entourage), adentrando já aquela fase da vida em que doenças e remédios são assuntos predominantes nessas ocasiões, eis que a copeira, ouvindo a conversa enquanto servia o cafezinho, vem com uma receita que segundo ela seria tiro e queda para curar erisipela – não sei porque, a moléstia ali discutida. Dirigindo-me a ela, interessado na fórmula milagrosa, sou de pronto interrompido pelo amigo, preocupado com minha saúde. Ao dizer que não era para mim, mas para César Lutti, um amigo em comum, Razuk apelou para uma de suas pérolas, o que faz sentido agora, nesses tempos em que os algoritmos saíram das pranchetas para ganhar as redes sociais, por se tratar de um acadêmico de engenharia preso como terrorista durante o período da ditadura acusando um arquiteto bolsonarista:

– “O César Lutti tem erisipela é no cérebro!”.

Sem entrar no mérito dos motivos de Razuk para tamanha exasperação, mas, em consequência disso, aliviado pelo esclarecimento de Cesar Lutti de que, na verdade, sua doença não é a mesma de Jair Bolsonaro, apenas um dos efeitos da sempre temida diabetes, saindo agora (ufa!) do nariz de cera  para as não menos temidas consequências que a doença do ex-presidente pode significar para o processo eleitoral em Dourados, nesta fase de acertos, conchavos e alinhamentos que antecede às convenções municipais.

Na balança bolsonarista, o que deve pesar mais na hora de bater o martelo para o lançamento do candidato à sucessão de Alan Guedes? Os quase um milhão de votos (exatos 829.149) da ex-ministra bolsonarista Tereza Cristina para o Senado ou os pouco mais de quarenta mil votos da rapa do tacho do PL que elegeram o deputado federal Rodolfo Nogueira, o tal do gordinho do Bolsonaro?

Recall mais que necessário, esse de 2022, num cenário em que o prefeito Alan Guedes – agora recuperado dos tropeços iniciais e começando a fazer suas tão decantadas entregas – tem como grande cabo eleitoral ninguém mais ninguém menos que a mesma Senadora Tereza Cristina. Não bastasse o quanto Bolsonaro precisa mais dela como senadora, pelo mandato que perpassa o de seu deputado Gordinho, o fato dela ser, desde já, uma das opções do bolsonarismo para a sucessão de Lula em 2026. Com seu feeling político de raiz udenista (o bolsonarismo de antigamente), como bisneta e neta de governadores e de senadores do velho Mato Grosso (respectivamente Pedro Celestino e Fernando Corrêa da Costa), como chefona do PP em Mato Grosso do Sul, Tereza Cristina está empenhada em duas reeleições este ano: de Adriane Lopes, de Campo Grande e de Alan Guedes em Dourados. “Só” isso, exatamente para demarcar território político com vistas a 2026. Mais, contra o PSDB. Ah, a mesma Tereza, cujo partido, o Progressistas, é do mesmo PP que no Brasil é presido pelo senador Ciro Nogueira, também seu colega quando ministro chefe da Casa Civil de Bolsonaro, o mesmo Ciro Nogueira que Alan Guedes tem como uma das âncoras de sua administração na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.

Tudo bem que como homem da cozinha de Bolsonaro o deputado Rodolfo Nogueira parece ter “emprenhado” o amigo pelas orelhas, pior, aproveitando-se de um momento de fragilidade, com o ex-presidente nem bem refeito da “bendita” erisipela, lançando sua esposa, a advogada Gianni Nigueira como pré-candidata a prefeita. Bom para o PL, bom para Rodolfo, que na pior das hipóteses se aproveitaria da situação como trampolim para uma tentativa de reeleição em 2026.

Além dessas obviedades, o mais provável é que o oportunismo pela alta temporada de negociações políticas tenha sido a causa do inusitado pré-lançamento da candidatura de Gianni Nogueira. Como nessas ocasiões cada negociador joga na banca da sucessão os milhões que julga valer seus passes ou os de seus prepostos, agora com o chefe  Bolsonaro sem a chave do cofre do Banco Central e precisando fazer vaquinhas na internet ou vender perfumes e outras bugigangas para sobreviver, bem provável que Rodolfo Nogueira esteja valorizando o passe da esposa. Por que não, pois, também não sonhar com seus milhões? Há até quem garanta que a régua do deputado deve ser a mesma usada por Marçal Filho, nos tempos uragânicos, e que o negócio seria fechado pelos mesmos R$ 2 milhões, aí já incluída a inflação do período e a condição de vice para a madame.  

Seja qual for o interessado, mas como Gianni Nogueira, na ânsia de sentir o tal cheiro do povo, já comprou até uma rasteirinha para conhecer periferia da cidade (neste dia 10 o corpo a corpo foi no Parque das Nações), uma vez prevalecendo a lógica da coisa, tudo leva a crer que ela saia mesmo candidata a vice-prefeita de Alan Guedes ou de Barbosinha. Até porque o marido não é louco a ponto de rasgar dinheiro. A menos, como supôs Roberto Razuk no caso da “erisipela” de César Lutti, que a erisipela, esta, sim, brava, de Bolsonaro, já esteja também afetando o cérebro do “mito”.   

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