Quando recebi a foto que ilustra este post, não acreditei. Tanto não acreditei que fiz questão de ir direto à fonte. É o tipo de coisa que não se fala ao celular. Como o vice-governador Barbosinha não havia aparecido segunda-feira de manhã para dividir comigo um sanduíche de pão francês com ovo na padaria do fuxico, e eu recebi a foto só à tarde, madruguei na terça e me mandei para Campo Grande para tomar café com ele em seu gabinete, na vice-governadoria.
Antes da resenha, sempre obrigatória, sobre a sucessão municipal em Dourados, percebendo o meu faniquito e adivinhando o que me levava até ali, o vice-governador abriu o mesmo mapa sobre o qual se havia se debruçado na véspera com o prefeito para definir o encontro com o adversário como “republicano”.
Para o leitor menos antenado nas coisas da política a foto poderia passar batida, impercebida. Mas o que importa aqui é o fato. Isto, levando-se em consideração outro fato, o de que até hoje o vice-governador Barbosinha não foi convidado pelo prefeito Alan Guedes para conhecer seu gabinete. Pode até ter passado por lá em alguma comitiva com Riedel, mas convidado, para uma conversa como a de agora, jamais. E nem preciso aqui acrescentar um parágrafo para explicar o porquê.
Mesmo depois de ter assumido com Eduardo Riedel o governo do Estado José Carlos Barbosa continuou com suas ressalvas à administração que ele esperava ser sua, nesse período. Algumas, duras, até, como quando critica Alan Guedes por ter demorado demais o início da “fazeção”, como gostava de dizer o presidente FHC. Até porque Barbosinha ainda não saiu do páreo da sucessão municipal, estando em stand by, ante as dificuldades dos tucanos em fechar com o pré-candidato do deputado Zé Teixeira, o radialista Marçal Filho.
Mas, afinal, o que teria levado Alan Guedes a bater à porta de seu adversário nas eleições passadas? Ele não foi levado, foi convidado, pelo vice-governador. E isso faz toda a diferença. O que o prefeito está apontando no mapa não é o que falta para acabar com a buraqueira em Dourados, muito menos concordando com Barbosinha numa ligação asfáltica para encurtar caminho entre Indápolis e Deodápolis, como a mim informado. Tudo conto da carochinha, para despistar jornalista bisbilhoteiro.
O que importa é a mensagem que Barbosinha deixou em suas redes sociais. Altamente emblemática. Só mesmo para quem entende de semiótica: “+para Dourados”. Assim mesmo, o sinal em vez da palavra mais, acrescentando que recebeu o prefeito para falar dos investimentos do governo em Dourados.
Para não dizer que não fiz o contraponto, com a campanha eleitoral já a pleno vapor nas ruas e nas redes sociais, não seria o caso de Barbosinha receber o candidato que em tese teria o apoio do governo do Estado nessa eleição? Mais, que os tucanos já dão como “eleito”? Que sentido teria um encontro para falar de projetos do governo do estado a essa altura do campeonato, com um prefeito cuê (em fim de mandato)? Daí a saída pela tangente, quando o vice-governador resume numa palavra – “republicano” – o encontro que teve com o prefeito Alan Guedes na última segunda-feira.