O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) publicou um vídeo nas redes sociais pedindo que seu colega de Câmara, Ricardo Salles (PL-SP), seja responsabilizado por celebrar a tentativa frustrada de golpe na Bolívia. Nesta quarta-feira, o general boliviano Juan José Zúñiga coordenou o levante militar, que acabou desmobilizado. O comandante e outros militares terminaram presos.
Enquanto o conflito ocorria, o ex-ministro do Meio Ambiente do governo de Jair Bolsonaro publicou em seu perfil na rede X (antigo Twitter), em espanhol que “Na Bolívia as melancias têm coragem…”, se referindo aos militares. O termo “melancia” é comumente utilizado de maneira pejorativa para se referir aos homens do Exército, que usam verde no uniforme, mas por dentro teriam o pensamento vermelho, em referência as ideias de esquerda.
O psolista comentou a declaração de Salles pouco depois, afirmando que os parlamentares “golpistas” deveriam ser responsabilizados. “O que fez o Sr Ricardo Salles foi apoiar um golpe na Bolívia e incentivar um golpe no Brasil! Que seja afastado cautelarmente!”, publicou Braga.
Na manhã desta quinta-feira, a hashtag “Fora Salles” foi levantada por perfis de esquerda na rede X. O influenciador Felipe Neto foi um dos nomes a puxar um abaixo assinado para levantar um pedido de cassação contra Salles.
Crise na Bolívia
Sob o comando do general Juan José Zúñiga, militares e carros blindados tomaram a Praça Murillo, em frente ao Palácio Quemado, sede presidencial em La Paz, em um movimento que o presidente da Bolivia, Luis Arce, descreveu como uma tentativa de “golpe de Estado”. Zúñiga acabou preso e será alvo de uma investigação da Procuradoria-geral da Bolívia.
O presidente da Bolívia, Luis Arce, convocou os bolivianos a se mobilizarem contra uma tentativa de “golpe de Estado” e nomeou um novo comando militar. José Wilson Sánchez Velázquez assumiu e ordenou o regresso das tropas a seus quartéis, que procederam a se desmobilizar da praça. O golpe fracassado — que, no momento em que era preso, Zúñiga acusou Arce de orquestrar — foi condenado por todo o espectro político boliviano e pela comunidade internacional.
Coluna Sonar/O Globo