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sábado, setembro 7, 2024

Trump acha mais difícil derrotar Kamala do que Biden

Primeira mulher negra e filha de imigrantes a se eleger vice-presidente, democrata inverte a narrativa etarista da campanha de Trump contra Biden e unifica alas do partido que exigem representatividade

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Logo após o presidente dos EUA, Joe Biden, anunciar que estava abandonando a disputa pela Casa Branca, no domingo, o candidato republicano, Donald Trump, partiu para o ataque. Enquanto voltou a chamar o rival de corrupto e inapto ao cargo, em uma publicação nas redes sociais, Trump disse que a missão de voltar ao poder havia se tornado mais fácil ainda com Kamala Harris na disputa — o oposto do que o Partido Republicano considera em seus bastidores.

Em uma entrevista à rede americana CNN, pouco depois da desistência de Biden, Trump disse crer que a vice-presidente “será mais fácil de derrotar do que Biden teria sido”, embora o nome de Kamala não tenha sido oficialmente confirmado. O aceno de Trump contraria as leituras do próprio partido, que veem na democrata uma oponente difícil de vencer, que já era motivo de preocupação antes da saída de Biden.

Primeira mulher negra a servir como vice-presidente, vinda de uma família de origem indiana e 18 anos mais jovem que o republicano, Kamala representa um desafio eleitoral tanto por sua origem, quanto por seus atributos. A campanha de Trump esperava que, em um cenário sem Kamala protagonista, as divisões entre o Partido Democrata se alargassem, com uma deserção da base de eleitores negros da legenda.

A pauta identitária não é a única vantagem de Kamala em comparação a Biden (e ao próprio Trump). A entrada da vice no topo da chapa faz com que Trump perca uma de suas principais possibilidades de ataque contra a campanha adversária: a suposta incapacidade de Joe Biden de governar o país dado o seu declínio cognitivo — uma tese que se viu reforçada após as recentes gafes do atual presidente.

Alguns assessores de Trump dizem privadamente que Kamala pode ser melhor em transmitir certas mensagens do que Biden, particularmente sobre direitos ao aborto, uma questão que galvanizou os democratas nas eleições intermediárias de 2022. Consideram também que, como ex-promotora, ela pode ter argumentos contundentes sobre as acusações criminais de Trump, incluindo sua condenação em Manhattan por falsificar registros comerciais para ocultar o pagamento à ex-atriz pornô Stormy Daniels, em 2016.

Mesmo antes da desistência de Biden, a campanha de Donald Trump já preparava um ataque à vice-presidente. Duas fontes com acesso aos bastidores da campanha republicana afirmaram que a maior parte da estratégia de ofensiva desde o início esteva centrada em Kamala.

Durante a Convenção Nacional Republicana, a vice de Biden foi atacada e recebeu a alcunha de “czar da fronteira”, apontada como principal responsável pelo alto fluxo de imigrantes no país e pela crise de segurança que os republicanos dizem ser fruto disso.

Uma pesquisa recente foi encomendada pelo partido sobre os pontos fracos da vice e anúncios sobre vulnerabilidades de sua trajetória política.

Eles acreditam que Kamala terá de carregar o peso de todas as políticas impopulares de Biden, querem atacá-la pela crise na fronteira e também miram no mandato de Kamala como senadora na Califórnia e, antes disso, como procuradora-geral do estado e promotora distrital de São Francisco — na campanha presidencial de 2020, ela foi criticada ora por ser conservadora ora por ser excessivamente liberal em relação, por exemplo, pessoas presas pela primeira vez por porte de drogas.

O Globo/New York Times

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