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domingo, novembro 24, 2024

Boca, criador ou criatura?

Ilson Boca Venancio morre aos 71 anos e MS perde seu maior memorialista na área da cultura

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O artista, ator, compositor, escritor e memorialista Ilson Venancio, o Boca, morreu na noite de ontem (26), no Hospital Evangélico de Dourados, aos 71 anos, de parada cardíaca provocada por uma septicemia.

A morte repentina de Boca Venancio chocou Dourados e outras cidades do Estado, já que ele era muito conhecido nos meios culturais e também políticos pela sua militância na cultura e nas causas sociais. Era dotado de uma memória admirável que lhe rendeu dois livros.

Recentemente, ele lançou na Câmara Municipal seu segundo livro “A Feira Livre da Rua Cuiabá – Sua História e Cultura, da Formação ao Patrimônio Público Cultural”. Também pretendia lançar a obra na Padaria Pão Dourado e na Feira Livre.

Nas redes sociais e nos aplicativos de mensagens amigos lamentam a morte. A escritora Joana Prado Medeiros, sintetizou: “Sem palavras, meu amigo querido de tantas caminhadas, Ilson Venancio (BOCA) nos deixou. Partiu foi morar em uma estrela. Escritor, poeta, compositor e Jornalista. Um ser raro de uma grandeza de alma inenarrável, um incansável lutador em prol das causas indígenas, da Democracia. Uma pessoa com efetiva participação política, com luta encampada nas questões urbanas do nosso município. Trabalhou muitos anos no Museu Municipal… lutando para preservar o patrimônio histórico cultural. Foi curador, idealizador de inúmeros eventos culturais, festivais, varal de poesias. Um REVOLUCIONARIO. Um VISIONÁRIO lutando por uma sociedade justa. Engajado, destemido e imprescindível. Te amo, te agradeço. Cara foi uma honra ser tua conterrânea neste planeta. Te amo. Descanse em paz. Teu legado é grandioso. Dourados chora a perda do filho ilustre. Sabia com maestria a história local. Meus Deus que perda para o Município e o estado do MS.! Sofreu um infarto fulminante. Adeus amigo, que os anjos o recebam”.

Já o jornalista Vander Verão repostou texto que escreveu em agosto de 2020, sobre Boca e o lançamento do seu primeiro livro “Dourados e sua Cultura – Memória das artes comentada”, em 2014. Leia:

“Boca, criador ou criatura?

Ilson Venâncio, o Boca, é uma referência em Dourados quando o assunto é cultura. Do final dos anos 60 para cá, ele tem participado ativamente da vida cultural douradense, como produtor ou coadjuvante de alguma coisa ligada à arte.

Músico, ator, escritor, poeta, artesão, ativista cultura, compositor. Boca é tudo isso, mais um pouco disso ou daquilo. É referência. Um cara que aprendeu cedo que “pedras que rolam não criam musgo”, como profetizou o lendário Muddy Waters, para satisfação de Mick Jagger e seus companheiros.

Não há como falar ou escrever sobre música ou teatro em Dourados, por exemplo, sem citar Boca Venâncio. O cara estava em todas as paradas. E continua atento. Ligado nas coisas do ontem é do hoje.

É bom lembrar que em dezembro de 2014, Boca lançou o livro “Dourados e sua cultura – Memória das artes comentadas”, com apoio da “Folha de Dourados”, onde escrevia uma coluna sobre as atividades artístico-culturais em Dourados.

O livro foi lançado durante a programação “Dourados Brilha”, evento promovido pela Prefeitura, no centro da cidade, para incrementar as festividades de fim de ano. O editor do livro foi Nicanor Coelho.

O diretor da “Folha de Dourados”, jornalista José Henrique Marques, lembra que Boca, é um dos personagens mais emblemáticos da história artístico-cultural de Dourados, sua terra natal. Boca, segundo o jornalista, “conhece como ninguém todas as nuances do complexo mundo dos artistas de Mato Grosso do Sul”.

O livro do Boca, com mais de 280 páginas, traz relatos importantes das manifestações artísticos-culturais em Dourados, tais como música, literatura, dança, artes plásticas, teatro, artesanato e fotografia. É um livro que precisa ser reeditado em prol da própria memória cultural de nossa cidade, para que mais pessoas possam ter acesso à importante obra.

Boca é de opinião que no meio cultural as ações são frutos de reuniões e debates”, e não isoladas, para a concretização de um show musical ou de uma peça teatral, por exemplo.

Articulador nos meios culturais, Boca foi um dos responsáveis pelas quatro edições do inesquecível Show da Paz, que marcou época em nossa cidade nos anos de 1986, 1991, 1999 e 2000. Na primeira edição, vale lembrar, a carroceria de um caminhão serviu de palco para os artistas no centro da cidade.

Ao longo das últimas cinco décadas, Boca tem atuado para o incremento da cultura em nossa cidade, sem se preocupar se ele é o criador ou a criatura disso tudo”.

Boca foi colaborador da Folha de Dourados por quase 20 anos.

Ele era casado com Creilda Santos com quem teve duas filhas: Flora e Celeste.

O corpo será velado na Capela Primavera, da avenida Weimar Torres, 4974 – Vila Industrial, a partir das 11 horas deste sábado até às 8 horas de domingo (28), de onde o cortejo se dirigirá ao Cemitério Parque Primavera.

Folha de Dourados

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