O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira que a inteligência artificial (IA) “brasileira” precisa garantir empregos e se colocou contra o uso da tecnologia se resultasse em demissões de trabalhadores.
— Eu fico muito assustado quando eu vejo matéria nos jornais dizendo que a inteligência artificial pode causar 16 milhões de desempregados. Se é para isso eu não quero. Que coisa é essa que é tão importante e vai causar problema para a sociedade? A nossa inteligência artificial tem que ser inteligente e quer fazer dela uma fonte de fazer como eu a gere emprego e forme milhões e milhões de jovens — afirmou o presidente
Lula participou nesta terça-feira da 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação para lançar o primeiro Plano Brasileiro de Inteligência Artificial. O plano foi encomendado por Lula no começo do ano e vai trazer políticas para investimento e uso da inteligência artificial no Brasil.
— Quando eu resolvi fazer esse desafio aos cientistas brasileiros é porque eu já estava cansado em todo debate que eu vou, em toda reunião ministerial, em toda conversa que eu tenho os caras falam em inteligência artificial. E eu fico pensando: se essa coisa é tão boa, por que é artificial? Por que é artificial se ela pode ser manipulada pela inteligência humana? No fundo no fundo é a inteligência humana que pode aperfeiçoa-la —afirmou.
O presdiente ainda reclamou das empresas Big Techs, afirmando que usam dados “sem pedir licença” e lucram “divulgando coisas que não deveriam ser divulgadas”.
— A gente ter a capacidade de fazer a coletânea de todos os dados e temos as Big Techs que fazem isso sem pedir licença, sem pagar imposto, e ainda cobra dinheiro e fica rica por conta de divulgar coisa que não deveriam que ser divulgada — disse.
A pauta tem sido abordada por Lula com frequência e é um dos assuntos abordados pela presidência brasileira do G20.
Plano prevê R$ 23 bi, com supercomputador e sistema para o SUS
O Ministério da Ciência e Tecnologia prevê investimentos de R$ 23 bilhões, até 2028, no Plano Nacional de Inteligência Artificial, divulgado nesta terça-feira. Esse plano ainda será validado pelo Palácio do Planalto antes de entrar em vigor.
Estão previstos repasses para construir uma infraestrutura local, incluindo um “supercomputador”, e também incentivos para a indústria brasileira de IA.
O plano prevê R$ 12,72 bilhões em crédito (via BNDES, Finep e outros), além de R$ 8,47 bilhões de gastos públicos, mais de R$ 1 bilhão de investimentos privados.
O documento, batizado de Plano IA para o Bem de Todos, foi entregue ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a quinta edição da Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação. O texto foi aprovado na segunda-feira pelo Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT), órgão consultivo da Presidência.
Alice Cravo e Daniel Gullino/O Globo — Brasília