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quinta-feira, novembro 21, 2024

O peso dos vices, ou das vices, nessa campanha eleitoral

Alan Guedes e Marçal Filho surpreenderam colocando duas mulheres como candidatas a vice; Tiago Botelho inovou, escolhendo um ex-prefeito

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Para não espremer todos e todas (um saco, isso!) – candidatos (as) a vice-prefeito (a) no quadrado acima –, até porque elas foram as vedetes do noticiário no encerramento do prazo paras as convenções municipais e com os vices de Racib Harb e de Bela Barros também dando as caras por aqui nos últimos posts, optei por ilustrar esta análise com a figura impoluta de meu professor de geografia no ginásio, José Laerte Cecílio Tetila, o vice do também professor Tiago Botelho. Até porque o petista amigo do Lula anda meio sumidão das mídias convencionais, talvez pela empolgação da chegada de sua “kombotelho” – a kombi transformada em motorhomi que será utilizada como comitê ambulante e também para palanque dos comícios-relâmpagos no melhor estilo da dupla pau-na-mula (Sérgio Cruz e Walter Pereira) no início da década de 1970.   

Além disso, uma homenagem ao grande prefeito Tetila, que nos seus oito anos ininterruptos de administração cuidou da cidade como se fosse sua própria casa, o prefeito dos desafortunados, que, por sua condição de historiador e intelectual de mão cheia tem um carinho especial pelos meus conterrâneos do Jaguapiru, pelos sem-terra e sem-teto; o prefeito que mais embelezou a cidade, com seus canteiros centrais fazendo lembrar os jardins do palácio do Schönbrunn (a “casa” onde nasceu nossa primeira imperatriz, dona Leopoldina da Áustria), enfim, por mais que o deputado Geraldo Resende torça o nariz, o prefeito em cujo mandato Dourados ganhou a UFGD – a maior obra do governo federal por essas bandas nesse século.

O peso dos vices, ou das vices, nessa campanha eleitoral
Tetila de carona com Botelho, na kombi em que vão percorrer a cidade durante a campanha eleitoral (foto: divulgação)

Nem preciso me alongar, pois, para dizer que só a presença de Tetila no banco do carona da kombotelho (sim, Tiago vai de motorista), já faz toda a diferença da puríssima chapa petista. Lembrando que quatro anos atrás, com toda a desgraceira que se abatia sobre o PT, sacado à última hora, depois da “amarelada” de Elias Ishy, o ilustre desconhecido professor Joca teve 10% dos votos. Dois anos depois, o mesmo Botelho, como candidato a senador, conseguiu 22 mil votos, só em Dourados. Na pior das hipóteses o partido trabalha para não deixar mais Ishy na solidão, no Jaguaribe, conseguindo eleger de dois a três vereadores. Mas, com o retorno de Lula ao Planalto e pela vinculação do nome do candidato ao do presidente da República, a companheirada sonha com Botelho subindo, também, a empoeirada rampa do casarão da Ponciano. Principalmente – e é tudo que eles querem – se houver um recrudescimento do debate entre bolsonaristas e o campo mais progressista, aí incluídos até insubordinados tucanos, como o próprio Geraldo Resende.

Já que o tema é o “peso” dos vices, outros dois, entre os que estão acima do “traço” das pesquisas, o de Bela Barros leva vantagem, e o seu nome diz tudo: Paulão do Chama. Como peso não é um problema para Racib Harb, ele vai explorar o bom currículo de seu vice, o jornalista, teólogo e especialista em  gestão pública, mas, principalmente, um bolsonarista de carteirinha, Oswaldo Arnez, para tirar um naco maior de votos de Marçal Filho, beneficiado, em tese, com a compra do passe de Gianni Nogueira junto ao PL.

Aliás, Marçal Filho que se cuide. Gianni Nogueira, além da beatice do discurso, só fala “naquilo”, ou seja, num inverossímil retorno de seu Messias preferido, o inelegível Jair Bolsonaro, à rampa do Planalto. Pior, em todas as falas de seus apoiadores, em sua rede social, bolsonaristas com assento no Congresso, como os deputados Nikolas Ferreira e Marco Feliciano, é como se Marçal não existisse, como se possível fosse uma candidata a vice sem cabeça de chapa. O próprio Bolsonaro, na live em que tentou explicar o “inexplicável” negócio de seu Gordinho não mencionou o nome do radialista, seu colega de parlamento nos tempos de baixo clero do Congresso Nacional.

O que dizer da candidata a vice de Alan Guedes, a jovem empresária do agronegócio Keila Miranda? Em seu discurso – sempre “gelo” como ele mesmo diz – durante a apresentação da moça, o prefeito disse que além de homenagear o funcionalismo público, pesou o fato dela ser uma assessora da linha de frente do atendimento à comunidade carente, que conhece a fundo os problemas da população. Além disso, enfatizou sua condição de “católica”, num contraponto à evangélica adversária Gianni Nogueira.

Alan Guedes não precisou falar, mas deixou claro, nas entrelinhas, que sua grande estratégia ao escolher uma outsider na política é bater de frente com o velho coronelismo político – “os que estão no palanque deles”, como sempre diz – este sim, o grande contraponto dessa disputa eleitoral.

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