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segunda-feira, setembro 16, 2024

A insistência de Takimoto com o retorno da Uragano

Vice-prefeito, vice-governador, deputado estadual e federal, Takimoto agora é candidato a vereador pelo MDB

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Os olhos puxados estão mais fechadinhos ainda, afinal lá se vão oitenta e tantos janeiros do mais ilustre descendente da milenar cultura japonesa que fez história como médico dos pobres em Mato Grosso do Sul, mais precisamente em Dourados, onde sempre manteve consultório. George Takimoto, ou simplesmente “Dr. Jorge”, vice-prefeito de Luiz Antônio Álvares Gonçalves; vice-governador de Marcelo Miranda, deputado federal, estadual e, agora, encasquetando ser vereador. Mas, por que isso, ao final de uma tão promissora carreira profissional e política?

É que mesmo “puxadinhos” esses olhos que permitem tanta habilidade com o bisturi têm o alcance tão bom ou até melhor que os olhos de lince – o misterioso mamífero euroasiático cuja luminescência da vista refletora “transpassa montanhas”. Assim, com a mesma precisão com que anteviu as operações Brothers, Owari e Uragano (*) no alvorecer da década de 2010, Takimoto, já há algum tempo, vem alertando para o que pode ser uma verdadeira hecatombe, ou seja, coisa muito pior, já que “terminaria o serviço” de quinze anos atrás, estendendo-se a outros municípios e escalões dos três poderes do estado. Lembrando que aquela que foi a maior devassa na política do Mato Grosso do Sul levou de roldão “apenas” prefeito Ari Artuzi e seu o vice Carlinhos Cantor, a quase totalidade dos vereadores e secretários municipais, além de cerca quarenta empreiteiros e empresários. Todos no xilindró. Os com mandatos foram cassados ou obrigados a renunciar.

Talvez dessa convicção advenha a vontade – pela responsabilidade que Takimoto tem com a cidade – de voltar a um cargo eletivo, com poder de decisão, para cumprir sua missão na hora em que vier o tão alardeado apocalipse. E o que tem para o momento é o de vereador. Mas o consagrado médico, habilidoso e respeitado também como grande articulador da política estadual, dá a entender que tem muito mais, mas muito mais mesmo, por trás de sua inesperada e tardia candidatura ao Jaguaribe.

Semana passada, por exemplo, no estacionamento de um hipermercado cujo dono é um dos principais incentivadores de sua campanha, arqueando e com dificuldade para carregar alguns saquinhos de compras, o octogenário doutor Jorge cruzou com outro colega de bisturi. Conversa vai, conversa vem, claro, sobre o momento eleitoral, Takimoto deixou escapar uma informação intrigante:

— “Nem Alan nem Marçal, o futuro prefeito pode ser quem você menos espera, talvez alguém com o perfil discreto e já com experiência, como o deputado e ex-prefeito de Ivinhema Renato Câmara”, dando a entender que falava sobre o que o tal do establishment pode decidir, ainda, daqui para o final dessas eleições municipais.

Como nesse exato momento encostei para ouvir a conversa dos dois velhos amigos, nem precisei perguntar o porquê de tão inusitado prognóstico. Mas, discreto e enigmático, como sempre, Takimoto foi saindo de fininho, alegando pressa para levar as compras pois tinha que preparar um lanche para aguentar algumas reuniões noite adentro com os eleitores, não sem antes atiçar ainda mais as lombrigas do jornalista:

— É isso aí mesmo que você está pensando, vai ser de mamando a caducando!

Muito mais que uma profecia, um dado horripilante a ser acrescentado ao já conturbado xadrez eleitoral. Não apenas de Dourados, como de cidades vizinhas e até da capital do estado, pois que a tal “operação fim do mundo” seria para fazer um verdadeiro limpa no estado. Detalhe, Takimoto chutou o pau da barraca na convenção do MDB, pois defendia candidatura própria do partido a prefeito.

E, aqui, cabendo uma justificativa pela ausência da boa técnica jornalística, já que embora sobrepujante, o tema, tão intrigante, não mereceu uma manchete ou um lead (assunto principal no primeiro parágrafo). É que pela peculiaridade do momento, de tão estapafúrdia, a informação pode ser elencada como mais uma fake News em meio a guerra de narrativas que só agora começa pra valer.

No caso específico de Dourados, como diz o excelentíssimo senhor presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, parece que nunca antes na história uma guerra tão sangrenta. Pior, de tão baixo nível. E já que é assim, por que não dar ouvidos à voz da razão e da experiência de quem tanto tem a ensinar?  

(*) Foi no consultório de George Takimoto que começou a operação Uragano, em 2010. Ali chamado num domingo à noite, fui por ele apresentado ao funcionário de uma das empreiteiras da prefeitura de Dourados que faziam manipulação de romaneios para o desvio de verbas das obras e serviços públicos para o bolso de agentes políticos. Publicada a denúncia, aqui neste site, à época apenas o “Blog do Valfrido”, entreguei um saco de documentos ao delegado da PF, Bráulio Galloni, com algumas cópias à vereadora Délia Razuk, que, concomitantemente, fez a denúncia na tribuna da Câmara. O resto, tudo, é perfumaria.

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