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terça-feira, setembro 24, 2024

Israel alerta libaneses a ‘se afastarem’ de posições do Hezbollah e lança nova onda de ataques aéreos; Beirute confirma 182 mortos

Ministério da Saúde do Líbano confirmou ao menos 182 mortes durante bombardeios nesta segunda e determinou que hospitais no sul do país cancelem cirurgias eletivas para atender urgências

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O Exército de Israel alertou cidadãos civis do Líbano a “se afastarem” de posições do Hezbollah nesta segunda-feira, após lançar mais uma rodada de ataques aéreos contra posições do movimento xiita no país. Dezenas de jatos de guerra israelenses entraram no espaço aéreo libanês e fizeram novos bombardeios — cerca de 80, segundo fontes em Beirute — um dia após o Hezbollah detonar foguetes perto de Haifa, uma das maiores cidades do Estado judeu. Ao menos 182 pessoas morreram no ataque desta segunda, segundo o governo libanês, o que torna este o dia mais sangrento no país desde o início das hostilidades.

— Aconselhamos os civis das populações libanesas localizadas dentro e perto de edifícios e áreas usadas pelo Hezbollah para fins militares a partirem imediatamente. [As forças israelenses] realizarão bombardeios [mais] extensos e precisos contra alvos terroristas que se tornaram amplamente enraizados em todo o Líbano — afirmou o principal porta-voz militar israelense, o contra-almirante Daniel Hagari.

Parte do alerta israelense chegou aos civis libaneses quando os jatos israelenses já sobrevoavam os céus do país. Em uma declaração à agência de notícias britânica Reuters, o chefe da operadora de telecomunicações libanesa Ogero afirmou que Israel fez mais de 80 mil tentativas de ligação na segunda-feira, pedindo que as pessoas saíssem de determinadas áreas. Ao menos um ministro do governo do Líbano confirmou que mensagens de texto e de voz também chegaram a residentes do sul do país, indicando que saíssem de territórios onde o Hezbollah atua ou armazena armas.

A popular estação de rádio Voice of Lebanon afirmou ter sido hackeada pelas forças israelenses, que transmitiu a mensagem de evacuação ao vivo. As Forças Armadas israelenses também publicaram um mapa mostrando 19 aldeias e cidades no sul do Líbano que estariam dentro do escopo das ações militares, mas não detalhou quais delas seriam alvos dos novos ataques ou deveriam ser evacuadas.

Questionado se o anúncio indicava que Israel preparava uma invasão terrestre do território libanês, Hagari afirmou que, no momento atual, o foco seria apenas na “campanha aérea”. Em uma declaração posterior, o porta-voz disse que os moradores do Vale do Beeka, no sudeste do Líbano, tinham duas horas para deixarem locais usados pelo Hezbollah, indicando novos ataques nas próximas horas.

Ainda durante a manhã, o Ministério da Saúde do Líbano afirmou que ao menos 182 pessoas morreram e mais de 700 ficaram feridas durante os bombardeios israelenses, sobretudo no sul do país. Ainda de acordo com a autoridade de saúde governamental, mulheres, crianças e trabalhadores de saúde estão entre os mortos e feridos. As Forças Armadas de Israel afirmam que mais de 300 alvos foram bombardeados nesta segunda.

Em Beirute, alvo de um bombardeio na sexta-feira, escolas particulares pediram que os pais de alunos buscassem seus filhos, diante da possibilidade de ataques. Do lado de fora de uma escola no leste da capital, o New York Times descreveu uma cena de confusão, com a rua congestionada pelo trânsito, dezenas de estudantes de ensino médio a espera de seus responsáveis, e estudantes mais novos saindo correndo da escola, segurando as mãos dos pais.

A troca de hostilidades entre Israel e Hezbollah atingiu um ponto crítico desde o início da guerra em Gaza. A situação escalou na semana passada, quando uma operação atribuída aos israelense — negada pelo presidente do país no fim de semana — explodiu milhares de aparelhos pager e walkie-talkies usados pelo grupo libanês. Dezenas morreram e mais de 3 mil ficaram feridos, segundo as autoridades libanesas.

O Hezbollah respondeu com força. Centenas de foguetes foram disparados de diferentes pontos do sul do Líbano contra o norte de Israel, forçando as autoridades do Estado judeu a fecharem o espaço aéreo de parte do país no fim de semana e emitirem restrições de segurança para a população civil. No domingo, o grupo disparou cerca de 150 foguetes, mísseis de cruzeiro e drones, atingindo uma área civil perto de Haifa, a terceira cidade mais importante do país.

Ataque contra Israel

Após os novos ataques israelenses na manhã desta segunda-feira, o Hezbollah voltou a retaliar. Sirenes de alerta voltaram a soar no norte de Israel, com as Forças Armadas confirmando que 35 projéteis foram lançados contra a cidade de Safed, um dos principais alvos do movimento libanês até o momento. Eles foram abatidos ou caíram em áreas abertas, disseram os militares. Serviços de emergência registraram cinco pessoas com ferimentos leves.

A promessa do Hezbollah é de que as ações israelenses no Líbano não passarão sem resposta. O grupo afirmou que só vai suspender as hostilidades contra o Estado judeu quando um cessar-fogo em Gaza for obtido. O movimento libanês é aliado do grupo palestino Hamas, no Eixo da Resistência.

Comparação entre os poderes militares de Israel e do Hezbollah — Foto: Arte/O GLOBO
Comparação entre os poderes militares de Israel e do Hezbollah — Foto: Arte/O GLOBO

Em meio aos ataques do Hezbollah, o ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, declarou que a população israelense “precisará mostrar calma, disciplina e total conformidade com as instruções do Comando da Frente Interna” nos próximos dias. Moradores de Katzrin, no norte de Israel, foram instruídos a permanecer perto de abrigos e evitar lugares lotados até novo aviso — uma recomendação que vem sendo reiterada desde a semana passada.

Após o bombardeio de domingo perto de Haifa, o vice-líder do Hezbollah, Naim Qassem, afirmou que o ataque era “apenas o começo” da represália a Israel, afirmando que o conflito havia entrado em “um novo estágio”.

— [O Hezbollah lutará contra Israel] de onde eles esperam e de onde eles não esperam — disse Qassem.

Enquanto isso, em Beirute, as autoridades do governo libanês — que se viu em meio ao fogo-cruzado entre Israel e Hezbollah — continua tentando lidar com o impacto dos ataques israelenses. O Ministério da Saúde do país determinou que os hospitais do sul cancelem a realização de cirurgias eletivas para se concentrarem nos atendimentos de urgência em meio aos bombardeios.

Em paralelo, equipes de resgate continuavam a vasculhar o local de um bombardeio israelense na sexta-feira, que matou Ibrahim Aqil, comandante do braço armado do Hezbollah. A estimativa é de que entre 10 e 15 pessoas sigam presas nos destroços do prédio residencial atingido — Israel afirma que o local era utilizado para reuniões e planejamento de atividades do movimento libanês. (Com AFP e NYT)

O Globo e New York Times c/ AFP

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