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sexta-feira, novembro 22, 2024

Morre Cid Moreira, ícone do Jornal Nacional

Um dos rostos e das vozes mais conhecidas da TV brasileira, paulista foi o primeiro apresentador do Jornal Nacional, da TV Globo

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Morreu, nesta quinta-feira (3), aos 97 anos, o jornalista, locutor e apresentador Cid Moreira, um dos rostos (e das vozes) mais conhecidas da televisão brasileira. Ele estava internado no Hospital Santa Teresa, em Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, e nas últimas semanas vinha tratando uma pneumonia e um problema crônico no rim. A causa da morte foi falência múltipla dos órgãos.

“A gente se mudou para perto do hospital para termos um auxílio depois que ele começou a fazer a diálise”, contou a viúva Fátima Sampaio Moreira, que foi casada com ele por 25 anos. “Não contei para ninguém (sobre essa situação), para dar privacidade. Olhar ele lá quietinho era difícil, era estranho… Ele tinha um humor muito particular, um jeito muito maroto. Passamos o aniversário dele, na última quinta-feira, com ele no hospital. E ele disse: ‘Estou cansado, é muita luta. Meu corpo está cansado. Os últimos anos tem sido difíceis'”, contou Fátima, em entrevista a Patrícia Poeta, no programa “Encontro”, da TV Globo, na manhã desta quinta-feira (3).

Quem foi Cid Moreira

Filho de um bibliotecário e de uma dona de casa, o paulista de Taubaté era formado em contabilidade, mas pouco atuou nessa área. Em 1944, no mesmo ano em que concluiu a graduação, foi convencido por um amigo — cujo pai era diretor da Rádio Difusora Taubaté — a realizar um teste de locução. Nesse período, o rapaz chamava atenção de colegas e familiares ao fazer imitações de pessoas conhecidas, ao microfone, nas festas regionais da cidade. O talento rendeu frutos.

Contratado pela rádio local, Cid Moreira se tornou narrador de comerciais até 1949, quando se mudou para a capital paulista e passou a trabalhar na Rádio Bandeirantes e na Propago Publicidade. Em 1951, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde atuou na Rádio Mayrink Veiga até 1956. Nesse período, teve suas primeiras experiências em televisão, como os programas “Além da imaginação” e “Noite de gala”, da TV Rio.

estreia como locutor de noticiários se deu na própria TV Rio, em 1963, na equipe do “Jornal de Vanguarda”. Nos anos seguintes, ele passou por diferentes programas da Tupi, da Globo, da Excelsior e da Continental. Na mesma década, em 1969, foi convidado para substituir Luís Jatobá no “Jornal da Globo”, para em seguida integrar a primeira equipe do “Jornal Nacional”, que foi ao ar pela primeira vez no dia 1º de setembro de 1969, dividindo a bancada com Hilton Gomes. A voz grave se tornou uma marca inconfundível.

— Procuro sempre não perder a emoção da notícia. Concentro-me profundamente no texto que estou lendo, vivo cada coisa que vai ao ar.

A primeira notícia transmitida ao vivo foi o estado de saúde do então presidente Arthur da Costa e Silva, que sofrera uma trombose cerebral em agosto daquele ano, e a transmissão tornou-se um marco na história do telejornalismo brasileiro. Dois anos depois, o apresentador iniciou uma parceria com Sérgio Chapelin que se prolongou por mais de uma década. O profissional permaneceu por 26 anos como âncora do Jornal Nacional.

Em 1996, William Bonner e Lilian Witte Fibe substituíram os antigos apresentadores após uma reformulação do Jornal Nacional. Considerado pela direção do programa o melhor locutor da televisão brasileira, Cid Moreira passou a dedicar-se à leitura de editoriais e às locuções de reportagens especiais do Fantástico, programa dominical para o qual já trabalhava simultaneamente com o Jornal Nacional, revezando-se com outros apresentadores, como Sérgio Chapelin e Celso Freitas.

Cid Moreira viralizou com vinhetas para o Mister M. e sobre a bola Jabulani

Nesse período, ele deixou sua marca com as vinhetas para o ilusionista mascarado Mister M., e também para a Copa do Mundo da África do Sul, sobre a bola Jabulani. Ele também gravou a Bíblia na íntegra, sendo um grande sucesso em vendas. Recentemente, foi tema do documentário “Boa Noite” (2020), da diretora Clarice Saliby. A produção está disponível no Globoplay.

— Aquela pessoa que se prende a determinada fase da vida e não consegue se desligar vai sofrer. Eu estou evoluindo à minha maneira — contou ele, numa entrevista ao jornal “Extra”, ao detalhar como reinventou a própria carreira ao longo dos últimos anos.

O Globo

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