A campanha eleitoral chega ao fim, depois do debate na TV Morena, na noite passada, trazendo à tona uma reflexão sobre o estado atual do embate eleitoral no Brasil, que cada vez mais se assemelha a um verdadeiro teatro do absurdo. O que deveria ser uma oportunidade para discutir propostas e planos de governo transformou-se em um espetáculo de acusações pessoais, com ataques à vida privada dos candidatos ofuscando qualquer debate substancial sobre o futuro da cidade.
No centro dessa narrativa, está a decisão do candidato Marçal Filho de se ausentar dos debates, uma estratégia que, à primeira vista, parece ser um movimento calculado para preservar sua vantagem nas pesquisas. O questionamento que surge é se tal decisão foi prudente ou precipitada. Marçal optou por não enfrentar seus adversários diretamente, acreditando que sua ausência poderia ser menos prejudicial do que os riscos de uma possível exposição negativa em um ambiente hostil, especialmente quando a audiência do debate seria expressiva, dada a presença da Rede Globo. A estratégia de “queimar gordura” — perder pontos intencionalmente para evitar um desgaste maior — pode ser vista como uma jogada arriscada ou uma demonstração de confiança excessiva.
Enquanto isso, seus adversários adotaram uma postura agressiva, explorando não apenas seu passado político, mas também sua vida pessoal, o que incluiu acusações sérias, como participação em um escândalo financeiro e violência doméstica. Essas acusações, embora sem provas contundentes em alguns casos, serviram como uma arma de ataque político, desviando o foco das discussões sobre políticas públicas e propostas concretas para a administração da cidade.
A ausência de Marçal Filho nos debates levanta outra questão: até que ponto os eleitores estão dispostos a tolerar esse tipo de campanha, em que os ataques pessoais superam o debate de ideias? Será que o desgaste gerado por tais acusações pode realmente abalar sua liderança nas pesquisas? Ou os eleitores verão essas investidas como tentativas desesperadas de seus oponentes, reforçando ainda mais sua candidatura?
A verdade é que essa eleição em Dourados deixa um legado importante para futuras campanhas eleitorais. O uso da vida pessoal como ferramenta de ataque, embora frequente, levanta debates éticos sobre os limites da exposição pública. Além disso, a estratégia de ausência nos debates, por parte de um líder nas pesquisas, pode se tornar uma tendência ou um exemplo a ser evitado, dependendo do desfecho desta eleição.
O teatro do absurdo que marcou essa campanha reflete não apenas a degradação do nível de civilidade no processo eleitoral, mas também a maneira como as estratégias de marketing eleitoral estão moldando o comportamento dos candidatos. Em vez de uma troca de ideias que beneficie a população, o foco em escândalos e ataques pessoais transforma o cenário político em um espetáculo vazio. Esse tipo de campanha, embora eficiente para minar adversários, pode afastar eleitores e enfraquecer a confiança no sistema democrático.
Portanto, a lição que fica para o futuro é clara: as campanhas eleitorais precisam resgatar o foco nas propostas e na transparência, ao invés de se perderem em ataques pessoais e estratégias de desgaste. O eleitorado, por sua vez, terá o desafio de discernir entre o teatro político e o real debate de ideias que pode transformar a realidade da cidade.