O prefeito Alan Guedes não vai esperar passar o bastão para o sucessor, Marçal Filho, para decidir seu futuro político. Ele aguarda apenas o segundo turno da eleição em Campo Grande, onde a senadora Tereza Cristina está empenhada na campanha de reeleição da prefeita Adriane Lopes, para marcar uma audiência com ela. Também deverá retomar a conversa com Eduardo Riedel, de quem espera, ao menos, um aceno para reatar a parceria política interrompida pelo apoio circunstancial do governador ao adversário nestas eleições, diante da possibilidade de uma rearrumação partidária.
Alan não se manifestou publicamente ainda após a contagem dos votos, mas seu porta-voz Ginez César disse ao ContrapontoMS que embora triste, ele não se deixou abater pela derrota. O prefeito só irá se manifestar depois de conversar com a senadora, que foi sua principal cabo eleitoral. Sem se fazer de rogado, o jornalista lembrou que serão cinco cargos em disputa, de deputado estadual a governador.
Pode parecer uma obviedade, mas a observação do assessor de Alan Guedes deixa claro que ao prefeito “sainte” nada mais resta do que monitorar os primeiros passos do entrante, pois disso dependerá o delineamento de seu projeto político. Marçal sendo Marçal e fazendo tudo o que prometeu ao longo dos últimos quatro anos em seu microfone de rádio, é uma coisa: obriga Alan Guedes a recomeçar do zero, como fez o próprio Marçal, que voltou ao Jaguaribe depois de quatro mandatos como deputado federal, para daí se eleger deputado estadual, perder a reeleição e agora se eleger prefeito.
Claro que Alan Guedes não deverá esperar quatro anos para tentar recuperar sua cadeira, caso haja sucesso absoluto na administração de Marçal Filho, para então tentar voltar ao Jaguaribe. Se Marçal não for bem, como uma possível vítima da síndrome dos radialistas que não se dão bem no Executivo público – como aconteceu com Jorge Antônio Salomão em Dourados e Alcides Bernal em Campo Grande –, aí o atual prefeito poderá dar a volta por cima já como candidato a deputado estadual, federal, senador ou até mesmo governador. E por que não?
Isto, desde que Alan Guedes tenha aprendido a lição com a derrota que sofreu nestas eleições. Além de ter tido um grande azar ao enfrentar um adversário duro, o pop star do rádio Marçal Filho, houve também equívocos em suas narrativas, especialmente na dificuldade de “vender” melhor sua administração, que pode não ter sido perfeita, mas que superou a de seus últimos antecessores, deixando a máquina azeitada para o sucessor. Inclusive com projetos grandiosos apenas iniciados, como as obras do Fonplata, que vão dar uma nova cara a regiões até hoje esquecidas pelo poder público, como a zona sul da cidade.