Por muito pouco o ex-vice-prefeito, vice-governador, deputado federal e estadual (nessa ordem), George Takimoto, não encerra a carreira como vereador. Mas isso ainda pode acontecer no decorrer do mandato que se inicia em janeiro próximo, já que o consagrado médico ficou como primeiro-suplente do MDB. No caso, suplente do presidente da Câmara, Laudir Munaretto. E tudo isso, uma vez confirmado o que ele mesmo vem profetizando há algum tempo – a tal “operação fim do mundo”, que faria uma varredura na corrupção dos políticos e afins (como juízes e procuradores de Justiça, principalmente), de “mamando a caducando”, ou seja, do Jaguaribe aos escalões mais altos do Parque dos Podres, ops!, Parque dos Poderes.
A operação “Ultima Ratio” da Polícia Federal confirmou aquilo que todo mundo já desconfiava quanto à lisura do Judiciário. Não só no Mato Grosso do Sul, mas no Brasil todo, sendo que aqui isso é ainda mais evidente. E antes que venha mais um processo, apego-me ao depoimento de um dos mais ilustres membros da Corte máxima da justiça estadual, quando, ainda juiz de Direito em Dourados, o prefeito interino do pós-Uragano, hoje desembargador Eduardo Machado Rocha:
– “Tem dias que olho para minha carteira de Juiz e sinto vergonha.”
Esse desabafo, possível apenas pela amizade e o parentesco (sim, também sou Machado) entre o repórter e o magistrado, aconteceu lá atrás, durante a inauguração da sede do PROCON local, numa conversa informal com o filho do emblemático incentivador do esporte amador João Ângelo Rocha, o “João Galinha”, já, ali, sobre a corrupção no Judiciário.
Assim como o nome da operação da semana passada, “Ultima Ratio”, vem da expressão latina “último recurso”, os “pêéfes” foram buscar inspiração além-mar para a operação que, historicamente, foi o começo de tudo, em Dourados: a Uragano – vendaval ou furacão em espanhol. Daí, não se duvidar que venha por aí uma reedição da Owari, a operação que fez Dourados estremecer no final da década de 2009, já que esta palavra (em japonês), que até hoje causa calafrios nos políticos locais significa, na verdade, o fim de uma história ou filme, de um projeto ou tarefa. No caso, não em referência aos réus da época, mas como homenagem ao japonês – George Takimoto – que tanto vem insistindo nessa história, já que a conversa é que a “Ultima Ratio” promete fazer uma revisão em processos encalhados na Justiça, pegando, novamente, políticos poderosos, com e sem mandatos, de Dourados, da circunvizinhança e alguns que até se estabeleceram em Campo Grande, com status não só de coronel, mas até de general da política. Para, aí sim, a palavra “Owari” fazer sentido no contexto político-policial de Mato Grosso do Sul.
Na expectativa de que os PFs sejam mais criativos nas próximas operações, quem sabe inspirando-se em nomes que remetam aos recônditos da nossa história e geografia, do tenente Antônio João ao marechal Pedro Pedrossian, das Serras de Maracaju à do Amolar, aguardemos que o ministro Cristiano Zanin, do STF, mande colocar logo a tornozeleira eletrônica (procedimento que antecede ao xilindró, propriamente dito) em Sérgio Fernandes Martins, o presidente do STJ, em seus colegas desembargadores encrencados e afins. Antes que o desembargador Eduardo Rocha deixe de considerar seu holerite de cerca de R$ 200 mil, faça uma fogueira em frente ao Tribunal “de Justiça”, convoque a equipe do Jornal Nacional e, enfim – envergonhado, porque honrado –, ponha fogo publicamente em sua credencial de magistrado.
Um contraponto, para dizer o mínimo, à empáfia udenista de Sérgio Fernandes Martins e seus comparsas.