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sexta-feira, janeiro 17, 2025

O risco que Marçal Filho corre, obrigado a administrar com o time de Murilo Zauith

Nomes sugeridos a Marçal são os mesmos envolvidos na tentativa de golpe que Zauith tentou dar em Azambuja

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Mesmo em recuperação de uma cirurgia, o ex-vereador de Fátima do Sul e “cobra criada” do lendário Londres Machado, José Jorge Leite Filho, o Zito, passou cerca de duas horas ontem numa garaparia de Dourados em uma conversa ao pé do ouvido com o advogado Alessandro Fagundes. Zito, que, além de ser o leva-e-traz da poderosa dona da Unigran, Cecília Grinberg, atuou como secretário de governo do marido dela na prefeitura, Murilo Zauith, e posteriormente como assessor dele para “assuntos aleatórios” na vice-governadoria de Reinaldo Azambuja. Já Alessandro dividia com Zito a rotina como chefe da Procuradoria-Geral do município e, na vice-governadoria, assumia múltiplas funções – de motorista a consultor jurídico e até segurança, tamanha a “munhequeza” do patrão.

Um daqueles passarinhos também leva-e-traz de Alfredo Barbara (o guru do prefeito Alan Guedes) jurou que, pela leitura labial feita a poucos metros do colóquio, o assunto era o futuro secretariado municipal. E, claro, cacetadas no jornalista “insubordinado” que apenas está cumprindo seu papel e, como amigo reaproximado de Marçal Filho, trabalhando no estilo “quem avisa amigo é”.

Aproveitando essa condição (daqui a pouco vou querer o “meu” também) uma sugestão a Marçal & Cia.: não seria prudente que a escolha do secretário de Obras fosse baseada em uma lista tríplice sugerida pelo CREA (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura)? Por que arriscar uma nova “Operação Uragano”? Ou, pior, uma nova “Vostok”? Mais do que um especialista em medições de obras questionáveis, mas sempre lucrativas, Dourados precisa de um arquiteto ou engenheiro com visão de futuro, mentalidade arejada e sem vínculos com as velhas raposas ou os coronéis da política local.

Por isso, em tempos em que a palavra “golpe” volta a assombrar o cenário político nacional – não apenas pelo fatídico 8 de janeiro do ano passado, mas também pelos recentes relatos de que o ex-presidente Bolsonaro teria planejado até assassinar Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes –, o prefeito eleito Marçal Filho deve redobrar os cuidados na formação de seu secretariado. Que demore o tempo necessário, que seu time de confiança acumule cargos até que tome as rédeas da coisa, mas que não erre nas escolhas.

Afinal, alguns nomes ventilados para compor sua equipe são os mesmos que participaram da frágil assessoria do então vice-governador Murilo Zauith, que tentou derrubar Reinaldo Azambuja na segunda metade de seu último mandato. Isso não é pressão sobre Marçal Filho – até porque ele já deve estar sofrendo bastante com as influências das figuras poderosas e endinheiradas ao seu redor, como o magnata Zauith e Cecília, o coronel Zé Teixeira e o grupo de Azambuja.

Caso Marçal ainda tenha dúvidas, considerando sua proximidade com Azambuja, basta pedir ao “chefe” para lhe mostrar as gravações feitas durante o período da conspiração. Recentemente, em uma conversa na “Padaria do Fuxico”, um dos integrantes desse grupo foi direto: “O povo do Reinaldo nos gravava o tempo todo, está tudo lá, tim-tim por tim-tim”.

A estratégia dos conspiradores era clara: destituir Azambuja para que Murilo assumisse o cargo no último ano de mandato e, como seria sua primeira vez como governador, pudesse concorrer à reeleição. Tudo isso acreditando – e até alardeando – que Azambuja seria preso, repetindo-se o ocorrido com Puccinelli, com quem Murilo também teria conspirado contra Ari Artuzi em Dourados. Mas isso é assunto para os próximos textos e para o livro do “insubordinado”, que está a caminho do prelo.

A convicção dos murilistas baseava-se nas denúncias robustas contra Azambuja no caso JBS, amplamente divulgado na imprensa nacional. Sobre isso, ontem, brinquei com um parceiro de Azambuja dos tempos da administração dele na prefeitura de Maracaju, chamando-o de sócio do meu parente mais ilustre. Ele, sem pestanejar, respondeu: “Sócio só na grana que saiu da JBS”.

Agora, indo para a prefeitura e, mais perigoso ainda, aliados ao bolsonarista Rodolfo Nogueira, será que os murilistas mambembes não estariam planejando negociar para que a beata Gianni Nogueira assuma a prefeitura e lhes dê a fatia de poder que Marçal parece relutar em ceder? Material para um novo golpe não falta. E nem precisarão esperar os resultados das “medições (da secretaria) de obras”, caso Marçal seja obrigado a engolir mesmo o nome imposto pelo coronel Zé Teixeira; apressados e gananciosos como são, devem recorrer ao mesmo arsenal usado por Alan Guedes na campanha eleitoral. Porque, arcaicos, mas obstinados, esses murilistas parecem ser daqueles que ainda acreditam no velho ditado: “água mole em pedra dura tanto bate até que fura”.

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