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domingo, janeiro 19, 2025

Morrer em Paris

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O corpo do fotógrafo brasileiro desaparecido em Paris foi encontrado no Rio Sena. O que o levou à morte? Soube da história pela imprensa e pelas redes sociais. A busca durou 45 dias. Onde estaria o brasileiro? O que aconteceu com ele? Mineiro, de 36 anos, falava francês fluentemente, segundo um amigo. Chegou a Paris para fotografar o casamento de uma amiga em novembro. Tinha uma empresa de fotografia em Minas Gerais, onde morava, chamada Toujours Fotografia. Programou alguns dias a mais na capital francesa após o trabalho, com retorno previsto para o dia 26 de novembro.

Naquele dia, ele “caiu no Sena” perto da Torre Eiffel. Foi resgatado e levado ao hospital com hipotermia – afinal, é inverno no Norte. Prolongou a estadia em um apartamento no 13º arrondissement por mais um dia e, no dia seguinte, desapareceu sem deixar rastros.

A procura foi longa. Amigos e simpatizantes colaram cartazes em pontos de ônibus, bancas de revistas e nas redes sociais. A família, distante, aguardava com angústia. No último fim de semana, em 11 de janeiro, a imprensa anunciou que, após 45 dias de busca, o corpo havia sido encontrado no mesmo rio, em uma pequena cidade ao Norte de Paris, onde o Sena faz algumas de suas curvas. O corpo foi encontrado no dia 4 de janeiro, mas apenas após o teste de DNA que confirmou a identidade, a família foi informada. A mãe, que tem problemas cardíacos, recebeu a notícia.

Segundo a polícia, o corpo poderia ter demorado até seis meses para ser encontrado, ou jamais ser localizado. No entanto, foi visto preso a galhos, em estado avançado de decomposição. Não havia sinais de violência, e a autópsia apontou afogamento como a causa da morte. O que o levou a essa decisão final? Não se sabe. No dia 26, ele tentou; foi “pescado”. Naquela mesma tarde, deixou o celular em um vaso de plantas no bar Les Ondes, próximo à Torre Eiffel – o aparelho foi encontrado no dia seguinte.

O que o levou ao ato decisivo? A bagagem não ofereceu pistas à polícia. Ele conhecia a França, falava o idioma fluentemente e tinha amigos na capital. Qual era sua ligação com o país? Teria sido filho de exilados? Não – ele nasceu no final dos anos 1980. O que o conectava à França? Por que falava francês fluentemente? Teria nascido lá? Morado por algum tempo?

Seu estado psicológico também permanece um mistério. Por que havia perdido o interesse pela vida? Um amor não correspondido? Na França?

Mazé Torquato Chotil – é jornalista e autora. Doutora (Paris VIII) e pós-doutora (EHESS), nasceu em Glória de Dourados-MS, morou em Osasco-SP e vive em Paris desde 1985. Tem 14 livros publicados (cinco em francês). Fazem parte deles: Na sombra do ipê e No Crepúsculo da vida (Patuá); Lembranças do sítio / Mon enfance dans le Mato Grosso; Lembranças da vila; Nascentes vivas para os povos Guarani, Kaiowá e Terenas; Maria d’Apparecida negroluminosa voz; e Na rota de traficantes de obras de arte.
Em Paris, trabalha na divulgação da cultura brasileira, sobretudo a literária. Foi editora da 00h00 (catálogo lusófono) e escreveu – e escreve – para a imprensa brasileira e sites europeus.

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