Uma pesquisa realizada com 19.500 brasileiros nas 26 capitais do país e no Distrito Federal mostra que as mulheres demonstram mais interesse em participar de atividades culturais do que os homens. Elas, porém, encontram mais dificuldades do que eles para transformar essa vontade em acesso de fato.
Realizado pela consultoria JLeiva Cultura & Esporte, o estudo também indica que as mães com filhos pequenos (de até 12 anos) são ainda mais impactadas do que as mulheres sem filhos. Os homens com filhos também são afetados, mas não na mesma proporção.
O levantamento foi feito entre fevereiro e maio do ano passado com pessoas acima de 16 anos. Os entrevistados foram perguntados se frequentaram programas culturais nos últimos 12 meses em 14 quesitos, como ir ao cinema, ler um livro ou visitar um local histórico. Em cinco atividades (dança, show, teatro, museu e festas populares), eles também deveriam responder de zero a dez qual era o seu grau de interesse em ir a cada uma delas.
Os resultados mostram que o percentual de acesso é semelhante. No caso de teatro, por exemplo, 25% das mulheres e 24% dos homens disseram ter visto espetáculos no último ano. Porém, quando são questionados sobre a vontade de ir ao teatro, 56% delas afirmaram ter alto interesse (notas de 8 a 10). Já entre os homens, esse percentual é de 42%. Situação parecida se repete nos outros itens, com as mulheres demonstrando mais interesse do que os homens nas cinco atividades culturais pesquisadas.
“Fica evidente que elas têm mais barreiras para transformar seu interesse em acesso de fato. A mulher é uma figura estratégica no desenvolvimento do acesso a atividades culturais no Brasil,” diz o diretor da JLeiva Cultura & Esporte, João Leiva.
Os dados na íntegra serão apresentados no próximo dia 3 de fevereiro, no Itaú Cultural, em São Paulo. A Fundação Itaú e a Vale são patrocinadoras da iniciativa.
A partir do cruzamento das respostas com o perfil dos entrevistados, o levantamento também mostra que as mães com filhos pequenos frequentam menos atividades culturais na maior parte dos quesitos pesquisados. Enquanto 52% das mulheres sem filhos disseram ter ido a shows nos últimos 12 meses, entre as mães de crianças de até 12 anos, esse índice foi de 42%.
Já entre os homens, essa diferença é menor: 49% dos que não têm filhos afirmaram que foram a apresentações musicais no último ano. Já entre os que são pais de meninos ou meninas de até 12 anos, esse percentual foi de 45%.
Outro dado identificado pela pesquisa é que, quando se analisa a ocupação dos entrevistados, as donas de casas e os aposentados são os dois grupos que tiveram menos acesso a atividades culturais. Em ambos os casos, 57% dos que responderam assinalaram ter frequentado apenas duas manifestações culturais entre as 14 pesquisadas no questionário.
O diretor do Teatro D-Jaraguá, Darson Ribeiro, recebeu convidados para a estreia da peça “Balada Acima do Abismo”, estrelada pela atriz Maria Fernanda Cândido, no sábado (25). A montagem, dirigida por Gonzaga Pedrosa, marca a inauguração da casa de espetáculos. O filósofo Leandro Karnal, a cantora Fafá de Belém e a atriz Lucélia Santos compareceram.
Karina Matias/Folha de S.Paulo