Marina Colasanti, a mulher que lapidava palavras, que conheci durante meu período de aprendizado como jornalista, lendo seus textos em revistas femininas, se foi. Com sua ternura e criatividade, nos deixou poesias, crônicas, artigos — uma imensa produção literária escrita com afeto. Já não me lembro quais foram os primeiros textos dela que li, mas gostava de sua escrita fluida, que me tocava, que me dizia que eu também poderia chegar lá.
“Vem para cá”, eu sentia ela me dizer. Com cerca de 70 livros publicados, incluindo literatura infantil e juvenil, e eu, com apenas 14, sei que não chegarei lá em termos de quantidade. Sou lenta. Mas Marina nos deixou não apenas uma vasta produção, mas uma obra que alia quantidade e qualidade, reconhecida com inúmeros prêmios Jabuti, o Prêmio Machado de Assis, entre tantos outros.
Aos 87 anos, descanse, Marina querida, e continue derramando luz sobre nós.
Mazé Torquato Chotil – é jornalista e autora. Doutora (Paris VIII) e pós-doutora (EHESS), nasceu em Glória de Dourados-MS, morou em Osasco-SP e vive em Paris desde 1985. Tem 14 livros publicados (cinco em francês). Fazem parte deles: Na sombra do ipê e No Crepúsculo da vida (Patuá); Lembranças do sítio / Mon enfance dans le Mato Grosso; Lembranças da vila; Nascentes vivas para os povos Guarani, Kaiowá e Terenas; Maria d’Apparecida negroluminosa voz; e Na rota de traficantes de obras de arte.
Em Paris, trabalha na divulgação da cultura brasileira, sobretudo a literária. Foi editora da 00h00 (catálogo lusófono) e escreveu – e escreve – para a imprensa brasileira e sites europeus.