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sexta-feira, março 14, 2025

A ‘fazeção’ de Marçal, que lembra Artuzi e Braz Melo

Primeiros dias de Marçal Filho foram de intensa agitação e já teve até troca de secretário

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Quando vi o prefeito Marçal Filho chegando ontem à piscina pública do Jorjão (complexo poliesportivo que leva o nome de seu padrinho de batismo e mentor do rádio, o ex-prefeito Jorge Antônio Salomão), não tive dúvidas: ele vai pular. E não é que pulou mesmo? Mas, para frustração, principalmente da mulherada que fazia hidroginástica, ele não se despiu, ficando só de sunga ou short, que fosse, só tirou a meia de seu sapatênis e lá se foi, de roupa e tudo, para o delírio de suas ouvintes do rádio e até de uns marmanjos que participavam da aula. Até ensaiou um nado crawl, mas o que queria mesmo era um tête-à-tête debaixo d’água, para sentir, muito mais, o que suas eleitoras estão achando desse seu começo como prefeito do que se a água da piscina é tratada com cloro ou ozônio.

Confesso que estou curioso para saber quem é o marqueteiro de Marçal. A menos que se trate de coisa dele mesmo, com a fama de muquirana que sempre teve, não querendo onerar também o contribuinte com mais esta despesa. Até por minha condição, nessa função, na primeira eleição e no primeiro ano de administração de Braz Melo, também na formatação da campanha em que o caminhoneiro semianalfabeto Ari Artuzi deu aquela sova histórica no até então todo-poderoso empresário Murilo Zauith, à época vice-governador de André Puccinelli.

Independente de quem seja o dono da ideia da inusitada “fazeção”, surpreende o fato de Marçal estar cortando o barato daqueles que gostam de usar frases prontas para puxar o saco – “É Marçal sendo Marçal”. Afinal, o que corria nos bastidores não é que ele era um sujeito aperreado, entojado, que não cumprimentava ninguém aonde chegava? E, quando cumprimentava, era só com a pontinha dos dedos e ainda olhando de lado como se imitasse o deputado Zé Teixeira?

A surpresa é para quem esperava o mesmo Marçal circunspecto como quando era deputado, do gabinete da Câmara Federal ou da Assembleia direto para seu estúdio de rádio, de pouca prosa fora do microfone e de poucos amigos. Parafraseando sua correligionária, vereadora Isa Cavala, que se disse como uma criancinha recebendo um presente quando chegou ao seu gabinete o pacote com a documentação das denúncias no setor de Saúde, Marçal Filho parece não se conter, pelo que aparenta de tanta felicidade. Está igual guri novo, como se diz, também, quando ganha seu caminhãozinho cheio de balas-doces e bolachinha. Uma faceirice impressionante, até mesmo ante situações que requerem uma postura mais sóbria, como, por exemplo, quando denunciou a displicência da administração anterior da mesma Saúde por ter deixado vencer um estoque de insumos que faltavam nos hospitais e postos de saúde no almoxarifado da secretaria.

A mudança é de água para o vinho, com um Marçal correndo a periferia inspecionando obras e serviços, sorridente e saltitante, literalmente, como apareceu esta semana, dando uns pulinhos sobre uma boca de dragão entupida. Deve ter tomado gosto pela coisa depois do ibope que deu ao aparecer logo no segundo dia da administração nas redes sociais carregando galhos de uma árvore podre derrubada por uma tempestade. Depois, pintando meio-fios, raspando o muro de uma escola para pintura, durante um mutirão, e pondo até a esposa e o secretariado para pôr a mão na massa. Ops., a partir de agora não se pode mais falar em massa em Dourados.

E, acredite, quem não viu, como o grande fotógrafo Cido Frota, que mesmo acompanhando o prefeito da hora que acorda até quando vai dormir, não nos brindou, pelo menos, com a foto que seria a mais emblemática de todas essas andanças. Foi durante a montagem dos kits escolares. Depois de sentir que sua hérnia de disco estava dando sinais, Marçal foi saindo de fininho, com a desculpa de tomar um cafezinho com seu ex-secretário de Educação (sim, com menos de trinta dias José Vicente Tardivo já pediu o boné). E lá estava, acompanhando a garrafa térmica, uma cestinha cheia de pão. Com mortadela, que o prefeito comeu com gosto.

Muito mais que isso, Ari Valdecir Artuzi, antes de ser prefeito, já despejava doentes nas portas dos ‘hispitais’, como ele dizia. Eleito, continuou na mesma toada. Não podia ver uma construção que parava para ajudar os pedreiros. Andava de chinelo de dedos a sol a pino, sobre o piche quente da capa de asfalto da avenida Marcelino Pires. Aliás, essa pode ter sido uma das causas de sua queda, depois de ter garantido aqui mesmo, neste site, que iria “asfaltar Dourados de cabo a rabo”, acabando definitivamente com esta fonte inesgotável de corrupção que é a famigerada operação tapa-buracos. Infelizmente, ele não teve tempo de mostrar a que veio, depois de “arrancar” do governador André Puccinelli a obra da Perimetral Norte, sendo preso e obrigado a renunciar no decorrer da Operação Uragano.

Antes dele, Braz Melo começou, tal qual Marçal Filho, a primeira administração pintando guias e sarjetas. Como a grana era curta, em vez de tapa-buracos, preferiu asfaltar as linhas de ônibus, tendo como grande feito de sua administração a implantação dos CEUS (as escolas integradas). Mas, como a população esquece fácil esse tipo de “fazeção”, ele deixou seu nome escrito para sempre na história com a “Mão do Braz”, o Monumento aos Colonos que desbravaram a região depois que o presidente Getúlio Vargas pôs a Companhia Mate Laranjeira para correr daqui.

Mais importante que lembrar ou repetir Artuzi e Braz, Marçal precisa começar a sua “fazeção”. De verdade. Que seu misterioso marqueteiro, se é que existe, presenteie Dourados, já nas comemorações dos primeiros cem dias de administração, com uma grande novidade.

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