Empresário visionário e muitíssimo bem-sucedido, Carlos Bernardo construiu um império na Fronteira Brasil-Paraguai, que vai da educação às finanças. Fundador da maior faculdade de Medicina da América do Sul, a UCP, de Pedro Juan Caballero, também é dono de um time da primeira divisão do futebol paraguaio, de uma rede de postos de combustíveis e de fazendas de criação de gado espalhadas pelo Brasil. Recentemente, iniciou tratativas na área da comunicação para adquirir uma tradicional emissora de rádio em Dourados, onde também tem residência na área nobre. E, como se não bastasse, ultimamente começou a circular entre os bambambãs do mercado financeiro instalados na Avenida Paulista, em São Paulo, de onde pretende comandar um banco.
Com tanta “bala na agulha”, o que levaria Carlos Bernardo a lançar, de forma extemporânea, uma candidatura à prefeitura de Ponta Porã? Candidatura, aliás, que no ano passado só não prosperou porque esteve sub judice até as vésperas do pleito.
Por tudo isso, sua filiação ao PT, neste domingo, em Ponta Porã, pode ter um significado bem maior do que simplesmente disputar a sucessão do prefeito Eduardo Campos, em 2028, como se divulgou sob o pretexto das comemorações dos 45 anos de fundação do Partido dos Trabalhadores no Brasil. Nos bastidores, a movimentação indica que seu verdadeiro objetivo pode estar nas eleições de 2026: uma candidatura ao governo do estado.
Isso robusteceria o principal projeto petista para 2026: a eleiçao do deputado federal Vander Loubet para uma das duas vagas do estado a serem abertas no Senado. Com seu poder econômico e sua influência política, que incluem trânsito livre no Palácio do Planalto e proximidade com o presidente Lula, Carlos Bernardo desponta como o nome mais competitivo dentro de um inesperado espectro de oposição ao azambujismo, grupo político mais forte que o estado já conheceu.
Seu único concorrente no novo partido, o ex-governador Zeca do PT, é visto como estrela cadente no lulopetismo. Outrora combativo e na linha de frente nos piquetes dos Sindicatos dos Bancários ou das invasões de terra na antevéspera do século passado, se acomodou com as benesses do poder depois de governar o estado por duas vezes e de rodar o mundo como acompanhante de luxo e companheiro de biritas de Lula, hoje apenas mais um da unanimidade burra que apoia o establishment estadual. Tanto que foi o único dos figurões petistas do estado a não dar as boas-vindas a Bernardo ontem na Fronteira.
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O agora petista Carlos Bernardo é uma figura singular. Carismático e adepto do princípio cristão “fora da caridade não há salvação”, ele não usa essa filosofia apenas como retórica política. Um dos maiores exemplos disso ocorreu durante as enchentes no Rio Grande do Sul no ano passado, quando ele comandou pessoalmente uma força-tarefa de sua Universidade para ajudar os desabrigados. A operação contou com carros, caminhões, ônibus, aviões e até barcos, além de paramédicos e especialistas em resgate.
Com um perfil inusitado para os padrões políticos locais, mas uma estrutura capaz de desafiar qualquer adversário, Carlos Bernardo surge como um nome que pode surpreender em 2026. Se será, de fato, a carta na manga do PT para a disputa pelo governo do Mato Grosso do Sul, ainda é cedo para cravar. Mas que ele tem todas as credenciais para entrar no jogo, isso ninguém pode negar.
Com seu jeito bonachão e uma desenvoltura impressionante, roda o Brasil e o mundo fazendo lives “in natura” para milhares de seguidores, no melhor estilo Isa Cavala Marcondes, a vereadora campeã de votos em Dourados, para ficarmos no exemplo mais próximo ou Pablo Marçal, já que vai competir também como banqueiro, o que o torna ainda mais cativante.
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