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domingo, abril 20, 2025

“Marçalzinho paz e amor” é só pra contrariar Maquiavel

Marçal espera os emblemáticos cem dias iniciar a "fazeção" de fato de sua administração

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Em comunicação telepática com um velho amigo e parceiro do rádio, o prefeito Marçal Filho deu um “alô você” que soa como o prenúncio da nova era que pretende inaugurar em Dourados. É também a garantia de que tudo o que aqui foi antecipado será cumprido à risca. Ou seja, ele não quer ser apenas um bom prefeito: precisa ser o melhor prefeito da história da terra de seu Marcelino. Isso significa que todo o teatrinho desse início de gestão é apenas seu jeito gozador (na mais perfeita acepção da palavra) de obrigar não apenas o ContrapontoMS a uma mea-culpa, mas também todos aqueles que criticavam sua postura retesada e enclausurada num estúdio de rádio.

Narcisismo à parte, entrando agora no âmago da política, o prefeito Marçal Filho inverteu a ordem “natural” das coisas, mostrando que não leu – ou, se leu, “cagou” para – Maquiavel. No clássico O Príncipe, verdadeiro catecismo dos governantes, o florentino ensina que, se um líder precisa usar a força ou tomar medidas severas, deve fazê-lo logo no início, para consolidar sua posição e, só depois, gradualmente, adotar medidas mais brandas para conquistar a confiança e o apoio do povo.

Mas Marçal já tem o apoio do povo e, principalmente (rabudo que só…), uma quantidade razoável de obras contratadas. Algumas já licitadas, algo na casa dos R$ 800 milhões, deixados pela administração anterior – a maioria pelo governo do Estado e outras pelo Fonplata. Com esse volume de recursos garantido para tocar os dois primeiros anos, ele resolveu “brincar” de prefeito nesses primeiros dias. E brincar no sentido literal da palavra: mostrar que está de bem com a vida, compartilhando uma boa energia com a população. Como, por exemplo, quando põe duas servidoras para brigar por um ovo de Páscoa até ele chegar e anunciar que não vai faltar guloseima para ninguém. Ou quando distribui paçoquinha aos garis, salta sobre uma boca de dragão prestes a afundar, pula numa piscina de hidroginástica para um “alô, você” no pé da orelha das tiazinhas reumáticas. Mais do que isso, anda com roçadeiras, luvas e galochas no carro, e, no melhor estilo Ari Artuzi, ao se deparar com lixo ou matagal, põe literalmente a mão na massa. Nos mutirões que vêm tirando o sono – principalmente o da sesta – da equipe, o prefeito ajuda na lixa, na argamassa e até na pintura.

Esse período lúdico, porém, tem data para acabar: 10 de abril, quando se encerram os sempre aguardados cem dias de tolerância dados à nova administração. Não que Marçal vá se enclausurar no gabinete, mas, depois de passar três meses checando in loco tudo o que sempre criticou – e constatando, em alguns casos, que a coisa é ainda pior do que imaginava –, com a equipe já inteirada das reais prioridades, ele promete decretar: mãos à obra. Às grandes obras e projetos. Os de sua administração, claro.

Agora entra em cena o Marçal Filho que começou a se certificar dos problemas angustiantes da cidade como vereador. Que, depois, foi deputado federal por quatro mandatos, voltou a ser vereador, tornou-se deputado estadual e, nesse ínterim, esperava para transformar em realidade o sonho de ser prefeito de sua cidade. Ou seja, o Marçal que conhece como poucos os caminhos do Legislativo, o Parque dos Poderes e, principalmente, os corredores dos ministérios em Brasília – onde está a bufunfa.

Aliás, falando em vereadores, Marçal já está com alguns no radar. Mas “cagou” solenemente para os mal-agradecidos e indelicados que saíram falando mal do mais caro café da manhã da cidade – um encontro oferecido por ele e cuja polêmica parece ter sido culpa do local escolhido. O hotel, conhecido pelo questionável conforto e hospitalidade, também é palco de grandes e nebulosas negociatas políticas, sobretudo em períodos pré-eleitorais. Talvez aí esteja sua prova de fogo – e, acima de tudo, a oportunidade de mostrar a que veio, inclusive para acabar com certas benesses pouco republicanas, principalmente aquelas que só são obtidas com a faca no pescoço do prefeito.

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