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quarta-feira, abril 2, 2025

MS anuncia “pacto histórico” e quer provar que proteger o Pantanal pode dar lucro — dessa vez, de verdade

Pantanal de MS ganha maior programa de conservação ambiental do país

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Mais um pacto foi assinado em Mato Grosso do Sul. Mas calma, dessa vez não é promessa de campanha nem jingle de candidato. O “Pacto Pantanal”, lançado nesta quinta-feira (27) pelo governo do Estado, é vendido como o maior programa de conservação ambiental já criado para o bioma — e, segundo os idealizadores, vem com dinheiro, metas e uma aposta ousada: transformar preservação em moeda forte.

Sim, a proposta é pagar — em espécie — produtores e comunidades que cuidarem do meio ambiente. Nas palavras oficiais, “remunerar quem conserva”. Nas palavras do povo: se você proteger nascente, vai receber. Se restaurar mata ciliar, também.

O programa gira em torno de três eixos (porque todo programa precisa de três eixos, senão não parece sério): infraestrutura ecológica, produção sustentável e inclusão socioprodutiva. O foco será recuperar áreas degradadas, garantir estrada sem destruir tudo em volta e fazer o PSA (Pagamento por Serviços Ambientais) funcionar de verdade, não só como promessa de evento.

“Estamos consolidando um modelo que une proteção ambiental e qualidade de vida no bioma”, disse o governador Eduardo Riedel, naquela fala cuidadosamente lapidada pela assessoria. Segundo ele, o pacto marca um novo momento da política ambiental do Estado. De fato, parece o primeiro movimento concreto de um governo estadual em anos que tenta, de fato, tirar o Pantanal do papel e colocá-lo no orçamento.

O vice-governador Barbosinha, sempre mais espontâneo, resumiu bem: “O Pantanal é nossa casa, sustento e identidade. E preservar não significa abandonar as pessoas.” Foi mais longe: chamou o programa de modelo inédito e disse que MS vai virar exemplo para o Brasil e para o mundo. Uma frase que, convenhamos, todo governador adora dizer quando o programa ainda não foi testado.

Do lado das ONGs, houve elogios. O presidente da SOS Pantanal, Alexandre Bossi, disse que o pacto é vanguarda e que MS finalmente uniu “crescimento com gestão ambiental séria”. Para ele, o Estado pode liderar uma nova lógica ambiental no país. Claro, tudo vai depender da prática — porque PowerPoint, como sabemos, aceita qualquer bioma.

O PSA é o motor da história. O produtor que não desmatar, que preservar nascente, que manter floresta em pé, vai receber por isso. O governo promete foco em áreas críticas e já fala em meta ousada: atingir 50 mil famílias e 9 milhões de hectares, quase todo o Pantanal sul-mato-grossense.

Representando Marina Silva, o ministro substituto João Paulo Capobianco chamou o pacto de “ação inovadora”. Disse que a ideia de comprar licenças ambientais já emitidas — uma espécie de mercado de crédito interno — pode virar modelo nacional.

Além do PSA, o pacto inclui obras “essenciais”, como pontes e estradas sustentáveis, além de garantir educação, saúde e internet nas regiões isoladas do Pantanal. Tudo isso com dinheiro público, mas também contando com parcerias e doações internacionais.

“A proposta é clara: preservar tem que compensar — para a natureza, para quem vive no campo e para o Estado que quer mostrar serviço sem devastar metade do território”, resumiu Barbosinha, encerrando o evento com aquela fala otimista que todo programa precisa para sair bonito na TV.

Agora é esperar. Porque pacto, no Brasil, sempre começa bem. O problema é quando o segundo parágrafo vira parêntese.

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