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domingo, abril 13, 2025

As mulheres da segurança de Janja

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Antes do evento, cada cadeira recebeu um aparelho para ouvir a tradução simultânea e um folheto sobre o tema do encontro: a alimentação escolar. Microfones testados, intérpretes de inglês/português em posição, público instalado e o famoso atraso de mais de 15 minutos. Ele no Japão, ela em Paris. Quando se trata de alimentação escolar, o Brasil tem experiência para compartilhar, adquirida ao longo dos 70 anos do programa brasileiro. Uma quantidade significativa de países faz parte da rede.

Do meu ponto estratégico, vejo, à direita, um grupo se aproximando da porta de entrada da sala onde o evento ocorrerá. Identifico a primeira-dama ao lado do nosso embaixador. Estão cercados, de ambos os lados, por diversas pessoas – provavelmente funcionários locais e membros da comitiva. Não posso deixar de pensar no rei Luís XIV e sua corte.

Uma vez dentro da sala, o evento pode começar. Um fotógrafo da comitiva, com dois belos aparelhos fotográficos, circula de um lado para o outro, registrando tudo. Já estavam na sala a responsável pela comunicação da organizadora do evento e membros de diversas partes do mundo. O público inclui jornalistas brasileiros e estrangeiros – estes últimos menos identificáveis a olho nu.

Nos pontos estratégicos: à porta, ao meu lado, uma agente de segurança da primeira-dama. Outra à esquerda, do outro lado da sala, não longe do palco onde a primeira-dama foi chamada para se juntar aos demais membros da organização internacional. Olho para trás e vejo outra agente ao lado da porta dos fundos. Também percebo, do lado de fora da porta por onde a comitiva chegou, uma quarta segurança de plantão. São as mulheres responsáveis pela segurança da primeira-dama. Nenhum homem?

Todas vestem terno e calça comprida. Observando com mais atenção, percebo que a agente à minha direita tem um pin da Polícia Federal na lapela. Usa um dispositivo no ouvido para escuta e um pequeno microfone na lapela para comunicação. Aliás, ela está falando com alguém. Fala tão baixo que não consigo ouvir. Pena, não conheço leitura labial! Estão armadas? À primeira vista, não parece. Ah, sim! Do lado, mas discretamente escondido sob o paletó, noto algo que deve ser a arma de serviço.

Mazé Torquato Chotil – Jornalista e autora. Doutora (Paris VIII) e pós-doutora (EHESS), nasceu em Glória de Dourados-MS, morou em Osasco-SP antes de chegar em Paris em 1985. Agora vive entre Paris, São Paulo e o Mato Grosso do Sul. Tem 14 livros publicados (cinco em francês). Fazem parte deles: Na sombra do ipê e No Crepúsculo da vida (Patuá); Lembranças do sítio / Mon enfance dans le Mato Grosso; Lembranças da vila; Nascentes vivas para os povos Guarani, Kaiowá e Terenas; Maria d’Apparecida negroluminosa voz; e Na rota de traficantes de obras de arte.
Em Paris, trabalha na divulgação da cultura brasileira, sobretudo a literária. Foi editora da 00h00 (catálogo lusófono) e é fundadora da UEELP – União Européia de escritores de língua Portuguesa. Escreveu – e escreve – para a imprensa brasileira e sites europeus.

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